Como evitar a contaminação cruzada na limpeza

Processos são determinantes para evitar a contaminação cruzada e ainda aumentam a eficiência da limpeza                         

A contaminação cruzada tem como definição a transferência de microrganismos de um ambiente para o outro, envolvendo superfícies, utensílios, alimentos ou mesmo pelo contato com as mãos.

A boa limpeza e desinfecção são essenciais para manter um ambiente limpo e seguro e afastar os microrganismos capazes de causar doenças.

No entanto, até mesmo a forma de executar a limpeza pode desencadear a contaminação cruzada.

“A contaminação cruzada na limpeza é real e ocorre em diversos ambientes como indústrias farmacêuticas, alimentícias, hospitais, restaurantes, entre outros. Caso medidas de prevenção não sejam implementadas pode haver riscos à saúde, perdas financeiras e de credibilidade”, destaca Mairton Sousa, responsável técnico na All Facilities.

Ponto de partida

Mairton Sousa, da All Facilities

Sousa explica que os procedimentos são determinantes para afastar o risco de contaminação cruzada.

Desse modo, orienta ter rotinas para assegurar que a limpeza seja eficiente e eficaz.

Contudo, para alguns segmentos existe a obrigatoriedade do controle por meio de resoluções da Anvisa, como a RDC n° 301, que dispõe sobre as Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.

Também o Sistema HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point), sobre gestão de segurança para indústrias alimentícias, é referência para os processos.

Padrões no combate à contaminação cruzada

Renato Ticoulat Neto, da Limpeza com Zelo, ressalta que a preocupação com a saúde do colaborador e do usuário final das instalações acende o alerta para os métodos adequados a fim de evitar a contaminação cruzada.

Renato Ticoulat Neto, da Limpeza com Zelo

“Criar processos é o mais importante, pois muitas vezes a mão de obra pode não estar qualificada e, assim, ter um processo bem definido assegura que o trabalho seja executado corretamente”, ressalta.

Roteirizar a execução da limpeza, com padrão de cores para os panos, sendo eles preferencialmente de microfibra; uso e observação de rótulos; definição de produtos e equipamentos adequados a cada tipo de instalação estão entre as medidas que conferem segurança e aumentam a eficiência da limpeza.

Ademais, Ticoulat observa a importância de evitar o uso de produtos domésticos na limpeza profissional, pois não permitem, por exemplo, desinfetar apropriadamente banheiros coletivos.

Outro ponto para o qual chama atenção é a mistura de produtos, pois além de anular os efeitos de limpeza e desinfecção, ocasionam desmaios e outras complicações por gases inalados.

Para cada área, uma cor

Cassia Beltramelli, diretora de Hospitalidade na InService, defende que os processos são uma garantia para minimizar riscos, uma vez que muitos profissionais desconhecem como se dá a contaminação e seus desdobramentos.

Cassia Beltramelli, da InService

“Usar o pano de um ambiente em outro, sem a devida desinfecção é um risco. Mãos e utensílios sem higienização são causadores de contaminação. Pegar uma maçaneta com a luva não higienizada é fator de risco”, relaciona Cassia como exemplos.

Ela indica entre as medidas para combater a contaminação cruzada a adoção da diversidade de panos, em diferentes cores, para evitar que aqueles usados em áreas de maior risco transfiram agentes contaminantes para outros ambientes.

Por exemplo, fixar os panos amarelos e vermelhos para banheiros ou áreas mais críticas evita que a equipe pegue acidentalmente um pano nessas cores para limpar uma mesa, um aparelho de telefone ou outra superfície.

No entanto, a diferenciação por cores vai além dos panos utilizados na limpeza, passando para as luvas, uniformes e acessórios como baldes.

Todavia, não existe normativa com a indicação de cores para cada ambiente.

Porém, nos usos e costumes do mercado predominam a vermelha (áreas mais críticas), azul (menos críticas), verde (áreas de alimentos) e amarela (regiões semicríticas).

Contudo, a variação de cores existe de acordo com a necessidade de cada local.

Limpeza nos detalhes

Vale lembrar a importância da frequência para a troca da água e dos produtos de limpeza depositados em baldes.

Além disso, as recomendações incluem não circular com o uniforme fora das áreas de trabalho, higienizar frequentemente as mãos e manter cuidado com o descarte de resíduos infectantes.

Outra ação que ajuda é fazer um levantamento técnico do local e avaliar como evitar a entrada de sujeiras e microrganismos no ambiente.

Muitas vezes, barreiras de contenção, como os tapetes nas portas de entrada, minimizam a entrada de microrganismos.

Também os equipamentos e máquinas usados na limpeza precisam de cuidados, até em suas rodas, para reduzir a contaminação entre ambientes.

Treinar continuamente

Para orientar sobre todos esses aspectos e as rotinas de higienização, Cassia ressalta a importância de manter os diálogos semanais de segurança (DSS).

“Na correria, vemos processos caírem por terra. É importante o trabalho de acompanhar, verificar se o procedimento está correto e mostrar que a limpeza salva vidas”, pontua Cassia.

Nesse sentido, Sousa defende que uma empresa profissional de limpeza tem a responsabilidade e o comprometimento de garantir a capacitação, entendimento e proteção dos colaboradores envolvidos no processo.

“Todos devem ter o conhecimento dos procedimentos de limpeza existentes, das normas regulamentadoras aplicáveis e da importância da execução diária da limpeza”, ressalta.

Por fim, reforça a necessidade de orientar para o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas corretas para lavar pisos, dos equipamentos de proteção coletiva (EPCs), bem como dos utensílios, produtos e equipamentos adequados.

 

Procedimentos e atenção com os materiais usados na limpeza são fundamentais para evitar a contaminação cruzada

Dicas para a execução da limpeza

  • Limpe os espaços de cima para a parte inferior para garantir a remoção no solo da sujeira, poeira e patógenos que caírem. E mais, a limpeza deve seguir do fundo para a entrada do local.
  • Faça a limpeza unidirecional a fim de evitar que a sujeira se espalhe por outras superfícies.
  • Inicie pelas áreas mais limpas e vá em direção às áreas mais sujas ou sujeitas à contaminação. Tal medida é ainda mais importante ao limpar com panos reutilizáveis.
  • Remova sempre as sujidades antes de desinfetar.
  • Escolha os produtos químicos, equipamentos e utensílios adequados para cada setor e superfície. Isso melhora a eficácia das atividades, tempo de execução e economia.
  • Adote cores diferentes para cada área. Dê preferência aos panos de microfibra.
  • Dobre panos reutilizáveis estrategicamente para evitar contaminação cruzada, alternando os lados entre as superfícies.
  • Não reutilize panos de locais com maior risco de contaminação.
  • Leia sempre os rótulos dos produtos desinfetantes para obter instruções de uso, eficácia e tempo de contato recomendado.
  • Incentive os cuidados de higiene entre os colaboradores da limpeza e usuários das instalações.

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Fonte: Abralimp

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