CURIOSIDADES DA LIMPEZA – Varrendo superstições: a vassoura além do Halloween

A vassoura atravessou séculos, fez parada na Idade Média para uso das bruxas e ainda hoje é destaque na limpeza                    

A tradição do Halloween remete a alguns símbolos e cores.

A data celebrada em 31/10, que antecede o dia de Todos os Santos, historicamente marca a ligação deste mundo com o dos mortos e as forças da natureza.

Nesse imaginário, surgem animais, caldeirões e as bruxas em suas vassouras.

O voo na vassoura pode representar um meio em que bruxas ultrapassam as limitações físicas e espirituais, e alguns estudiosos afirmam que seus cabos eram utilizados para aplicação de pomadas.

No entanto, nos rituais modernos, varrer está ligado a limpar energias negativas presentes no ambiente.

E ainda existem as superstições em que não se deve varrer a casa no réveillon ou levar a vassoura velha para a casa nova.

Crenças à parte, fato é que a vassoura está no dia a dia dos lares, ruas, empresas, escritórios e muitos outros locais. Pensou em limpeza, pegou na vassoura.

E a razão também é histórica: o utensílio é registrado por estudiosos como um dos primeiros instrumentos de limpeza.

Antiga técnica

Se hoje possui diversos formatos, tamanhos e emprega diferentes materiais para a sua confecção, há séculos era feita de ramos amarrados, como do grão do sorgo que está no cotidiano humano há milênios, conforme descrevem Marlene Suano e João Manoel S. Bezerra de Meneses, no livro “A história da limpeza profissional no Brasil”, sob coordenação de Salvator Licco Haim.

“A varrição é a mais antiga técnica de limpeza que temos notícia”, relatam os pesquisadores do livro.

Inicialmente usada para varrer casas, jardins e calçadas, posteriormente ganhou utilidade nas ruas, nos séculos 19 e 20, inclusive com equipamentos acessórios como reservatórios de água para não levantar poeira.

Aliás, a forma de uma vassoura antiga se assemelhava a um espanador que movia o lixo de um lugar para o outro.

Mas como seriam as primeiras vassouras?

Tradicionalmente, as vassouras eram feitas com cerdas de ericáceas, bétula ou Genista.

Em suma, mais de 100 espécies de plantas foram documentadas como a origem das cerdas de vassouras produzidas na Europa.

Aliás, vale dizer que o primeiro nome do utensílio foi “besom”, usado para designar um feixe de galhos amarrados.

Mas como o artefato passou a ser feito de ramos de vassoura, que é um arbusto de flor amarela, nativo do noroeste da Europa, popularizou-se com esse nome até os dias de hoje.

Feitas à mão, o conhecimento da sua confecção foi passado de geração em geração.

Novas técnicas de confecção e materiais transformaram o aspecto rudimentar, ao longo dos anos

A invenção de Dickenson

Todavia, a vassoura na forma que conhecemos na atualidade foi inventada em 1797.

Levi Dickenson, um agricultor de Hadley, em Massachusetts nos Estados Unidos, criou uma vassoura de sorgo para a sua esposa.

Sua forma e utilidade foram difundidas pela região, aumentando inclusive o cultivo do sorgo, que ficou popularmente conhecido por “milho de vassoura”.

Era feita de modo simples, prendendo as franjas do “milho de vassoura” a um cabo.

Ganhando o mundo

Sem dúvida, foi com a Revolução Industrial, em 1810, que a confecção de vassouras se tornou um bom negócio.

Desse modo, vieram as máquinas para a sua produção.

Vinte anos depois, os Estados Unidos se tornaram o maior produtor mundial de vassouras, exportando o produto para vários países.

Na forma tradicional ou mais sofisticada, evoluindo para varredeiras, certamente, o primeiro instrumento da limpeza ainda hoje é destaque no mercado da limpeza profissional.

Na varrição de materiais sólidos em áreas externas ou rústicas, tem grande utilização em limpeza urbana, além de boa adequação a todos os tipos de pisos, baixo custo inicial e boa durabilidade.

E nos dias atuais?

Entretanto, o utensílio tem baixa relação no que tange ao custo-benefício, baixa produtividade, gera pó e poeira, o que é impróprio para áreas técnicas (como estoque de alimentos ou em que há eletrônicos), além de nem sempre atender critérios de ergonomia.

De modo geral, a tendência é que haja migração para varredeiras mecânicas, elétricas e robotizadas com operador a pé ou a bordo, além dos vários tipos de aspiradores.

Porém, em virtude da grande utilização em pequenas áreas, força cultural e baixo custo, a vassoura é um acessório que não será extinto na opinião de profissionais consultados.

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Fonte: Abralimp

Foto: Pixabay / Unsplash