Qual a importância da manutenção preventiva de máquinas e equipamentos?

Com a pandemia, passaram a surgir inúmeras dúvidas sobre a manutenção de máquinas e equipamentos de limpeza: “Como higienizar minha máquina?”; “Como oferecer mais segurança ao operador?”; “Por que gastar com manutenção preventiva, se posso arrumar a máquina apenas se ocorrer algum problema?”; “Como manter as equipes de manutenção bem treinadas? Para responder essas e outras dúvidas, a revista HigiPlus preparou a reportagem abaixo.

Manutenção preventiva: por que fazer?

É da cultura brasileira: “Se quebrar, depois a gente vê como resolve”. Quem nunca viu isso acontecer mesmo em uma grande empresa? Por questão de economia de custos, é comum que manutenções preditivas e preventivas acabem sendo deixadas de lado.

Mas é fato: manutenção preventiva é o remédio para garantir o funcionamento correto de uma máquina, evitar desgastes prematuros, paradas inesperadas, além do gasto com outro tipo de manutenção ainda mais cara: a corretiva.

“Mais de 60% dos equipamentos de limpeza estão alocados em empresas de facilities, que muitas vezes precisam brigar pelo custo de um colaborador para conseguir ganhar o contrato. E, dentro deste quadro, acabam ficando com o orçamento apertado e deixam as manutenções preventivas de lado”, aponta o engenheiro Wilson Hipolito, da Clean Thoughts, consultoria especializada em máquinas de limpeza.

“Ocorre que, sem a manutenção preventiva, as máquinas se degradam muito rápido. Muitas vezes, o centro de custo responsável pelo equipamento prefere não realizar a manutenção por achar que está economizando, mas o resultado é que um equipamento que teria uma vida útil de cinco anos, passa a ter menos da metade”, disse Hipolito.

“Comparando os custos da manutenção corretiva com a preventiva, a economia é de 40% a 50%, podendo até ser maior em algumas situações”, completa Daniel Costa Boher, gerente de Pós-vendas e Serviços ao Cliente da Kärcher. “Isso ocorre porque, no caso de quebra, outros componentes são afetados ou danificados, elevando assim os custos com a manutenção corretiva. Infelizmente, entretanto, muitas empresas ainda eliminam de sua rotina a manutenção preventiva para reduzir custos operacionais”.

Daniel ressalta que essa realidade pode ser facilmente observada nas demandas por atendimentos técnicos. “Dentre as solicitações de manutenção, de 90% a 95% são para a corretiva. Ou seja, o que foi ‘economizado’ ao não prevenir vira gasto, em dobro, para consertar”.

Manutenção no período de pandemia: como fazer?

Primeiramente, é fundamental lembrar que, para qualquer manutenção, a primeira regra é seguir as orientações do fabricante. Mas, neste momento de incertezas e riscos, outros cuidados precisam entrar na lista.

Antes de tudo, vem o cuidado com o trabalhador que irá operar o equipamento. “Muitas empresas até passaram a evitar a entrada de mecânicos em suas instalações por conta de um possível contágio. Porém, seguindo alguns procedimentos é possível fazer a manutenção de forma segura”, enumera Wilson Hipolito: reservar um local aberto, preferencialmente com pouco acesso a pessoas; agendar um horário específico com a empresa contratante da manutenção; certificar-se de que o equipamento foi previamente higienizado, com produtos específicos para este fim; e garantir que o trabalhador esteja com todos os EPIs obrigatórios para a tarefa, como luvas, óculos de segurança ou face shield e máscara, entre outros.

É preciso também observar a higienização do próprio equipamento. “Como são equipamentos de limpeza, significa que recolhem a sujeira da superfície, o que faz com que peças e componentes possam ficar contaminados. Portanto, é essencial a correta desinfecção seguindo as recomendações do fabricante, além da limpeza de filtros ou troca de lâminas de rodo, por exemplo”, completa Daniel Boher.

Vale lembrar que cuidar da forma correta dos equipamentos limpeza também é uma maneira de garantir saúde, afinal a limpeza é uma das principais aliadas no combate ao vírus. “Deve-se estar atento a qualquer sinal de que algo não está bem com o equipamento, como um ruído diferente, vibrações incomuns, perda de eficiência etc., para que a limpeza nesse momento de pandemia não fique comprometida”, finaliza o especialista.

Manutenção: os desafios na prática

Compreendida a importância da manutenção preventiva, é preciso organizar o processo para que seja eficiente na prática, como explica Manoel Marques, gerente Regional no Grupo GPS.

“Em um de nossos contratos, temos um parque com cerca de 3 mil máquinas. Destas, apenas 150 são locadas, todo o restante é próprio. Para dar conta de toda essa manutenção com a máxima eficiência, elaboramos uma metodologia para rastreamento e geração de histórico de cada uma delas. Assim, toda máquina tem seu próprio prontuário, onde ficam listados todos os problemas ou necessidades de manutenção que existiram dentro de determinado período. A partir desse prontuário, é desenvolvida uma matriz que possibilita a análise completa do equipamento: se o problema é fruto da necessidade de mais treinamento ao operador, se é um vício do equipamento, um problema de fabricação ou se é apenas o tempo normal de desgaste da peça”.

Feita essa matriz, Manoel explica que a área de Suprimentos faz a aquisição da peça de reposição junto ao fornecedor e uma equipe interna de manutenção cuida da troca ou reparo. Mas a empresa também conta com parcerias com alguns fornecedores para atendimentos spot. E, ainda, há a possibilidade de substituir o equipamento com defeito por outro de backup da própria empresa, tudo para não comprometer a produtividade no cliente.

Já no caso de o problema vir da necessidade de treinamento dos operadores, a companhia também tem sua estratégia. “Toda vez que identificamos na matriz de causa e efeito que o problema é treinamento, deslocamos um grupo de profissionais próprios, capacitados e treinados para reorientar e reciclar os operadores dessas máquinas”, diz Manoel. “Obviamente, no caso de máquinas específicas, envolvemos também o fabricante para que ele nos forneça esse treinamento e, assim, reciclarmos nosso grupo operacional de multiplicadores. A estratégia é usar sempre essa metodologia de key users (usuários-chave), e capacitar essas pessoas para que eles possam treinar as equipes dentro dos nossos contratos”.

Mas, mesmo com tudo planejado, muitas empresas ainda passam por dificuldades na hora de lidar com a manutenção na prática. Manoel aponta que hoje, no Brasil, uma das maiores dificuldades está justamente na reposição de peças de forma rápida, principalmente as que atendam de forma plena as características de produtividade do equipamento.

“Temos essa dificuldade da velocidade no fornecimento de peças e, também, da mão-de-obra qualificada. Os fornecedores hoje têm uma gama enorme de equipamentos, porém os mais eficientes são importados, e para eles muitas vezes ainda não existe know how no país ou profissionais que consigam fazer esse conserto dentro do padrão de qualidade necessário”, diz.

A saída vem sendo treinar profissionais internos e, em paralelo, desenvolver fornecedores mais próximos à empresa, para que entendam as demandas e estejam aptos a fazer uma entrega final dentro do esperado. “É um trabalho de troca. Estamos nos unindo aos fornecedores para que eles se capacitem junto às fabricantes e nós tenhamos a qualidade de manutenção desejada. Assim, todos ganham”.

A limpeza mecanizada tem crescido muito nos últimos anos e isso, com certeza, é um caminho sem volta. Ainda que a maior parte da mecanização na limpeza esteja concentrada no sul e sudeste, as demais regiões também vêm ampliando sua utilização. Naturalmente há obstáculos, como a logística de entrega de peças, capacitação técnica, dificuldades na obtenção de informações e até a falta de apoio e subsídios. Mas a pandemia mostrou que é possível encontrar novos caminhos, e que tecnologia e limpeza podem e devem andar de mãos dadas, pois a nova era que estamos vivendo dependerá, cada dia mais, da limpeza rápida, segura e eficaz para a promoção da saúde.

Fonte: Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional – ABRALIMP.

Foto/Divulgação: ABRALIMP.