Adversidades no caminho? Confira os insights de Ana Paula Araujo para manter a eficiência

Ana Paula de Araujo Santos, gerente de Hotelaria e Facilities no Hospital Israelita Albert Einstein, fala sobre como enxergar e construir novos caminhos em situações adversas

Os desafios e urgências da atualidade colocam gestores, líderes e todos os colaboradores de uma organização diante da necessidade de constantes adaptações, bem como de inovar e criar alternativas para manter suas atividades sem afetar o resultado para o cliente e ainda ampliar a qualidade do produto ou serviço entregue a ele, ainda que em situações adversas.

Os impactos da pandemia refletiram na economia, empregos, educação, saúde física e mental. Tudo isso levou a uma profunda transformação dos modelos de negócios e trouxe à baila discussões sobre o que fazer para voltar a crescer dentro do “novo normal”.

Para Ana Paula de Araujo Santos, gerente de Hotelaria e Facilities no Hospital Israelita Albert Einstein, que analisou esse cenário durante sua palestra “Construindo novos caminhos em situações adversas”, no Higicon 2022, a pergunta que deve ser feita é: como fazer para administrar todas as novas demandas, superando as adversidades?

“Vivemos momentos desafiadores nos últimos anos e isso colocou todos nós, gestores, diante da necessidade de pensar diferente, entender que sem planejamento será impossível alcançar resultados e que faz parte do dia a dia saber que em algum momento teremos de alterar a nossa rotina.”

De acordo com a especialista, a revolução causada pela Covid fez com que os processos para implantar facilities em uma unidade hospitalar fossem administrados em caráter de urgência e muitas vezes sem saber o que seria certo ou errado.

Diante da necessidade de tomar decisões de forma imediata, sem pensar em como montar times ou ter meios para previamente avaliar um plano, Ana Paula conta que sua única meta foi buscar colocar as pessoas no centro das decisões.

“Focando na pessoa, ainda que o processo desse errado, teria acertado na decisão.”

O medo pela contaminação pelo coronavírus reprimiu a demanda até mesmo pelos serviços nos hospitais, que passaram a ser o lugar onde ninguém queria estar. Questões de saúde consideradas triviais e que teriam tratamento mais simples se agravaram pelo afastamento das pessoas dos cuidados médicos.

Garantir ambientes seguros

Como então garantir um ambiente seguro? Mais ainda, não bastaria ser seguro, mas provocar a percepção nas pessoas de que o lugar realmente oferecia condições de segurança. “Uma coisa é dizer que se cumprem protocolos, a outra é mostrar que são executados a partir da percepção do público.”

Ana Paula, do Hospital Israelita Albert Einstein / Divulgação

Como preparar e coordenar as equipes para executar suas tarefas de forma remota? A executiva pontua que isso foi algo inédito no Brasil. Nunca foi tão rápido o incremento no uso das redes sociais, os avanços na difusão dos recursos tecnológicos, os investimentos em sistemas e meios para comunicar à distância.

Se por um lado existiu todo o aspecto triste e ameaçador da pandemia, é inegável o quanto ela acelerou o desenvolvimento tecnológico no País, trouxe uma nova realidade para uso de espaços, despertou para os equipamentos autônomos, incutiu a necessidade de conhecer com antecedência dados e informações que antes eram compartilhadas por pequenos grupos.

Outra questão mencionada por Ana Paula foi lidar com a “grande bagunça” na cadeia de suprimentos e que se reflete até hoje. A crise na importação de insumos e materiais médicos, é um dos desafios.

Em situações adversas, seja salvar vidas ou manter a boa atividade dos espaços, torna-se cada vez mais urgente contar com decisões rápidas e eficientes.

Informar e rever processos

A informação e a difusão do conhecimento passam a ser primordiais para integrar equipes, engajar e promover o melhor desempenho nas funções.

No ambiente hospitalar, área de atuação da palestrante, foi preciso rever a paramentação de médicos, enfermeiros e de todos os funcionários para aumentar a segurança. Sem falar na frequência da limpeza de todos os ambientes, os tipos de produtos químicos usados e a forma de executar a limpeza.

Toda a crise e mudança de processos precisou ser eficientemente comunicada. Segundo Ana Paula, surgiu aí mais um problema: como levar a informação para quem estava na execução; como encarar os riscos; quais seriam as garantias de empregabilidade, os planos, incentivos e apoios governamentais, passando ainda pela flexibilidade regulatória.

Surgem recomendações diferentes para gestão de pessoas, visando a maior aproximação e procurando entender os sentimentos, com a participação real nas suas necessidades. Tudo isso desponta como nova missão para gestores e líderes.

“Tivemos que montar processos para saber que caminho seguir a fim de garantir segurança aos colaboradores, ajustar estoques, garantir a comunicação e, mais adiante, administrar a volta ao trabalho presencial.”

Olhar mais humano

De acordo com Ana Paula, tais fatores propiciam a visão de que gestores precisam acompanhar as mudanças nos hábitos de comportamento para que seus planejamentos, metas e ações sejam compatíveis com as necessidades do público interno da empresa e com as expectativas do mercado.

Nesse processo, ela chama atenção para a importância de olhar para o outro como ser humano e tomar consciência dessa transformação de comportamento que veio para ficar.

“Hoje, entendemos a necessidade de deixar um lugar preparado para o próximo. Era a cultura que não tínhamos, pois sempre pensávamos que tinha o outro para limpar e isso já não pode mais ser assim.”

A cobrança pela entrega alinhada à eficiência, qualidade, segurança e agregando tecnologia e inovação é muito maior, sem falar que não se pode esquecer de considerar as questões econômicas, sociais e ambientais para garantir a sustentabilidade.

O empresário, empreendedor e administrador precisam ter claro que a rentabilidade vem também por uma política de reduzir desperdícios e implantar tecnologias.

Foco nas ações sustentáveis

Ana Paula recebe homenagem de Nathalia Ueno, vice-presidente da Abralimp, pela participação no Higicon 2022

Cada vez mais ganha relevância as empresas alinhadas ao ESG (governança ambiental, social e corporativa), pois investidores apostam nessas organizações.

É fundamental compreender o que de fato agrega valor para o usuário do ambiente, que por vezes pode nem ser algo complexo, mas que ele realmente necessita para estar no lugar e ter condição de realizar uma atividade simples, como se conectar com qualidade à Internet.

Ana Paula ressalta que é preciso assumir o compromisso com ações sustentáveis, com a redução de resíduos, com a economia de energia e dos recursos naturais.

Mais ainda, afirmar que é hora de entender que não existe atividade de maior ou menor importância, mas que todas são importantes no contexto de uma organização.

Para ela, saber onde quer chegar, traçar metas, desenhar plano de trabalho e colocar claramente as estratégias a serem utilizadas têm grande importância, porém, deve ficar claro para os gestores que não há problema se no meio do caminho tiver que voltar ou traçar um novo plano.

Para que tudo isso aconteça com sucesso, a equipe precisa estar integrada, comprometida e somente será possível se ela também puder enxergar o lugar que a empresa pretende chegar. “O senso de pertencimento faz toda a diferença”, conclui Ana Paula.

Fonte: Abralimp

Fotos: Divulgação