O desafio das empresas: promover o bem-estar organizacional

Mudanças comportamentais, onda do quiet quitting e expectativas dos colaboradores constituem grandes desafios para a liderança                              

A gestão de pessoas e a obtenção de bons resultados são desafios para as empresas.

Mas não basta investir tempo em estratégias e planejamentos se o colaborador não estiver no foco das ações.

Sem dúvida, o mundo mudou, bem como os elementos que influenciam o clima das empresas.

Valores, condutas e normas (a cultura organizacional) precisam ser fortalecidos e disseminados entre seus membros.

Certamente, a pandemia transformou o comportamento e o modo como as pessoas encaram o trabalho.

Estabeleceu limites entre vida profissional e pessoal.

Trabalhar por trabalhar, cumprir somente ordens, ficar distante dos propósitos em que acredita são modelos que, portanto, não fazem mais sentido para as pessoas.

Camila Willers Hartmann

Para ampliar a visão sobre esses pontos, a revista Higiplus traz esta entrevista com Camila Willers Hartmann.

Ela é psicóloga e diretora de P&O no Grupo GPS.

De modo objetivo, ela conta como lidar com alguns fenômenos da atualidade e apresenta sua opinião sobre tendências.

Confira!

Como a cultura organizacional pode interferir no desempenho dos colaboradores?

No nosso mercado, a cultura organizacional é o que norteia a orientação aos colaboradores no sentido de servir aos clientes, sempre vinculados aos valores, missão e visão da empresa.

Desse modo, trabalhamos os aspectos da cultura organizacional desde a captação dos profissionais até o processo de integração e inserção no ambiente dos nossos clientes.

Em relação à questão da saúde mental das equipes, quais ações são recomendadas às empresas tendo em vista o bem-estar dos seus colaboradores?

No que se refere a questão de saúde mental, recomenda-se que as equipes de gestão estejam próximas a seus colaboradores, buscando dar atenção, na escuta dos mesmos e demonstrando a importância que eles têm para nossas empresas e para o negócio de facilities.

Por sua vez, os colaboradores precisam de valorização, respeito e reconhecimento.

Às vezes, um simples muito obrigado, ao final do expediente, faz toda a diferença.

Sem dúvida, ter uma boa condição de saúde mental está relacionado à autoestima e à autoconfiança das pessoas e, nesse aspecto, a gestão próxima e servidora a seus times contribui muito.

Ambientes respeitosos e que promovam valorização proporcionam um clima saudável, que se reflete diretamente na saúde mental dos profissionais.

Como administrar saúde mental, cobranças, produtividade e entrega com excelência?

Entendo que administrar a saúde mental num ambiente profissional envolve diretamente dois aspectos importantes.

O primeiro é a clareza que cada colaborador tem do seu papel e da importância dele no todo da entrega a ser feita aos clientes.

Segundo, desenvolver em cada um o conceito de dono da sua atividade.

Em suma, esses dois aspectos, se bem definidos e claros junto aos colaboradores, engajam todos no objetivo comum de servir com excelência.

Eles criam um ambiente saudável de busca pela melhor entrega e produtividade e permitem menos necessidade de cobrança constante, o que proporciona qualidade na saúde mental das equipes.

Com certeza, quando as pessoas se sentem parte de um propósito coletivo elas percebem seu valor no contexto e a importância que possuem no mercado de trabalho.

Estar inserido e valorizado ajuda a contribuir com a estabilidade da saúde mental.

Qual o entendimento para o termo quiet quitting e de que forma as empresas devem lidar com esse fenômeno?

No meu entendimento o termo quiet quitting está bem relacionado à separação clara de trabalho e qualidade de vida.

As pessoas estão numa busca constante por entregar aquilo que foi contratado, dentro do horário definido e entendem que ir além disso comprometeria sua qualidade de vida.

As empresas também precisam se adaptar a este fenômeno e até mesmo ao novo perfil de profissionais.

Devem oferecer um ambiente que favoreça uma entrega mais intensa, assertiva e qualificada dentro do que está contratado, para que se respeite este modelo e não se tenha prejuízo nas entregas do dia a dia.

Certamente, isso nos faz refletir que talvez possamos ter profissionais que busquem perder menos tempo com assuntos e atividades aleatórias durante seu expediente, a fim de que ao final não precisem estender suas jornadas e, assim, garantir o tempo livre para as atividades pessoais.

Como incentivar colaboradores na atualidade? Quais são os pontos que mais motivam o engajamento com os objetivos da empresa?

Atualmente, o que mais incentiva o colaborador é perceber que seu trabalho é visto e reconhecido.

Além disso, é preciso que as oportunidades de crescimento estejam ao alcance e na visão de todos.

Entre os pontos que motivam o engajamento, além de conhecer o seu papel e importância, está saber qual é o objetivo da empresa.

Quando isso é claro e reforçado com cada um, dia a dia, o engajamento acontece naturalmente.

De que forma os pontos abordados foram afetados pela pandemia?

Todos os pontos abordados sofreram alteração com a pandemia.

A saúde mental das pessoas, a disponibilidade para o trabalho com dedicação exclusiva, o estar à disposição sempre, estar vinculado e engajado com os objetivos da empresa e até mesmo os fatores que impulsionam a motivação de cada um, enfim, tudo mudou.

A pandemia fez com que todos, ou a maioria dos profissionais, refletissem sobre como estavam encarando suas vidas, cuidando de si e de seus familiares e a importância que vinham dando a cada um dos pilares de suas vidas.

Enfim, isso tudo fez com que a relação dos profissionais com o trabalho mudasse.

Hoje, as pessoas em geral colocam a busca constante pela qualidade de vida à frente de tudo.

Outro aspecto relevante é que a pandemia ensinou as pessoas a trabalharem e terem uma renda de forma muito alternativa e isso afastou muitos profissionais, especialmente do segmento de facilities, do vínculo efetivo.

Esse cenário de mudanças (pela pandemia) deve ser mantido na sua opinião?

Eu entendo que algumas mudanças vieram para ficar, pois são relevantes para o novo jeito de viver pós-pandemia.

Contudo, cabe a nós, em nossas empresas, entender o novo modelo e comportamento dos profissionais para que sejamos atrativos a eles e possamos engajá-los no dia a dia.

Cuidar das pessoas, valorizar, dar atenção e empoderá-las em seus papéis, na minha opinião, é o caminho para ter êxito na captação e retenção de talentos, neste momento.

Dessa maneira, já parou para analisar como as lideranças da sua empresa estão atentas a essas transformações e demandas dos profissionais.

Nós, da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), entendemos que um bom networking é uma maneira eficiente de conhecer as tendências e discutir as necessidades das organizações.

Faça parte das câmaras setoriais, troque ideias com seus membros e participe dos debates sobre temas que norteiam a vida das empresas.

Fonte: Abralimp

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