Limpando conceitos, clareando ideias: entidades alertam para riscos das misturinhas

Workshop promovido pela Abipla e Sistema CFQ/CRQs mostra como a desinformação sobre misturas caseiras oferece risco à saúde pública

As populares misturas caseiras de produtos de limpeza, além de não produzirem os efeitos prometidos, colocam em risco quem manipula as substâncias e quem está por perto.

Tal preocupação foi debatida no workshop Limpando conceitos, clareando ideias, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla) em parceria com o Sistema CFQ/CRQs, em 13/12.

O evento buscou mostrar aos comunicadores a importância da informação embasada em processos cientificamente reconhecidos.

Embora as redes sociais sejam um canal de informação e conhecimento sobre diferentes temas, não se pode fechar os olhos para o fato de muitos influenciadores apresentarem falsas promessas e dicas sem fundamento técnico.

A esperada economia pode custar a segurança.

Avançar por meio da informação

Para esclarecer e combater a desinformação, a Abipla desenvolveu um jogo onde os participantes trilham um caminho para conhecer os riscos pelo uso inadequado, as misturas proibidas e a importância da rotulagem.

O Mistura Explosiva é uma forma lúdica de atrair a atenção para o problema das fake news e das misturinhas sem eficácia comprovada.

“A pandemia disseminou boa informação, mas também deu base para circular conteúdo de má qualidade. É preciso entender que produtos de limpeza são feitos para coisas e não para pessoas”, alerta Juliana Durazzo Marra, presidente da Abipla.

Segundo Juliana, é fundamental seguir sempre o que o fabricante recomenda, pois o contrário certamente não irá funcionar.

A inimiga informalidade

Uma das batalhas do setor é combater a venda de produtos informais.

De acordo com Juliana, a combinação da má informação com a circulação de produtos informais põe em risco a saúde pública.

Dados da Abipla apontam que os produtos da informalidade consomem 22% do mercado de uso doméstico e 18% das vendas de uso profissional.

São produtos que juntam substâncias sem que se tenha conhecimento técnico das propriedades.

“O risco só é controlado por meio de um longo trabalho de testes e ensaios para provar a função e a ausência de riscos”, explica Ubiracir Lima, que integra o Conselho Federal de Química.

O alerta considera que em casa ou em ambientes de fabricação caseira as “experiências” ou misturinhas não podem ser controladas e levam a efeitos irreversíveis.

Jonas Comim, também do CFQ, ressalta que os processos precisam ser conduzidos por químicos para garantir a qualidade e segurança.

“É preciso pensar como a química está presente em tudo o que usamos e consumimos no nosso dia a dia”, lembra Comin ao defender a necessidade de pulverizar conteúdo para instruir a população.

Normas e regulamentos asseguram qualidade

O aprimoramento do marco regulatório também é outra urgência para o mercado, como forma de desburocratizar, dar eficiência a registros e promover a harmonização regional e internacional da produção.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável pela regulamentação e registros para o setor e tem promovido avanços.

Entretanto, o processo não tem celeridade, tanto pelas etapas burocráticas quanto pela limitação de equipes, o que ainda dificulta a fiscalização dos produtos que circulam pelo mercado, na análise de Juliana.

Paulo Engler, diretor-executivo da Abipla, enfatizou que os produtos brasileiros registrados pela Anvisa podem exportar para todo o mundo, pois estão em conformidade com a regulamentação internacional.

A entidade representa o setor de produtos de limpeza na América Latina e no mundo e atua para a convergência regulatória, ou seja, para que as normas sobre melhores práticas e padrões estejam alinhadas às de outros países.

Brasil, mercado promissor

Juliana reforça que o mercado brasileiro é destaque no segmento, ocupando a quinta posição mundial e possui potencial para expandir.

“No consumo por lares, somos 2,6 menores que Estados Unidos e perdemos para os vizinhos, como Argentina e Chile. Isso mostra o potencial para aumentar o consumo por residência”, comparou Juliana.

Engler disse que o segmento cresce acima do PIB e a expectativa, para 2023, é de que novas fábricas, empregos formais e uma grande quantidade de lançamentos de produtos estejam presentes no cenário nacional.

“No panorama da indústria temos 8.170 CNPJs ativos em um dos três códigos de atividades econômicas possíveis de saneantes. Inscritas na Anvisa são 2.700 empresas. Há fábricas pequenas, com poucos funcionários, que estão em mais de mil municípios”, pontua Engler.

Embora o mercado tenha a participação dos grandes players mundiais, ele ressalta a relevância da indústria local, que conhece de fato o hábito de consumo brasileiro.

Juliana lembra que os hábitos são diferentes entre os países e, também, nem tudo o que existe no mercado internacional está aprovado para uso no Brasil.

O importante, segundo a presidente da Abipla, é que os processos de registros e validação de uso de produtos acompanhem o ritmo das novidades.

“A inovação antecede a regulação e se a agência reguladora não aprovar o uso estaremos sempre atrás”, conclui Juliana.

A Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) parabeniza a iniciativa da Abipla em promover o esclarecimento sobre os riscos das misturas de produtos químicos e por criar o jogo Mistura Explosiva.

A Abralimp é defensora de um mercado consciente sobre processos e preza pela qualidade dos produtos e serviços oferecidos no segmento de limpeza profissional.

Acesse o site da entidade e tenha informações seguras para o exercício da sua atividade.

Fonte: Abralimp