Edificações sustentáveis: preparado para essa realidade?

Setor da limpeza profissional é peça importante para reduzir impactos ambientais e gerar qualidade de vida                 

Todos concordam que as condições de higiene, limpeza e conservação são essenciais para manter habitável residências, edifícios, escritórios, empreendimentos comerciais e as mais diversas edificações.

Certamente, a preocupação com saúde e bem-estar deve estar presente desde o planejamento e construção das edificações, e mantida em todos os processos de gestão da conservação e manutenção de instalações.

Com isso, prédios sustentáveis, além de promoverem menor impacto ambiental, contribuem para a saúde de seus usuários.

E o Brasil vem bem nessa tendência; a arquitetura sustentável posiciona o País no 4º lugar do ranking mundial.

Os avanços são conquistados pelo aumento das certificações, que são ferramentas para medir o desempenho ambiental de uma edificação.

A mais conhecida é o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).

Transformando ambientes

Segundo Felipe Faria, diretor executivo do Green Building Council, as certificações entraram na pauta da construção civil.

Por sua vez, o LEED está em 180 países e tem o Brasil entre os líderes em edificações certificadas ou que buscam a obtenção.

O assunto foi tema de uma das palestras da última edição da Higiexpo, que contou com a mediação de Faria e as participações de Luiza Junqueira, arquiteta e urbanista, e Eduardo Straub, engenheiro civil.

“É importante engajar a participação dos profissionais que atuam em facilities e em property, ainda mais em tempo de discussão de mudanças climáticas, em que é preciso conter o uso de recursos naturais”, enfatizou Faria.

Luiza ressaltou que as pessoas vivem mais de 90% do tempo em locais fechados e sofrem as diversas interferências em função do ambiente em que estão inseridas.

“Pesquisas mostram que a carga genética já não representa tanto para a saúde física e mental quanto o ambiente a que estamos expostos. Sofremos impactos pelos ambientes e tendemos a comportamentos inconscientes ditados pelos estímulos desses lugares”, pontua a arquiteta.

Desse modo, cada vez mais, é importante dispor da diversidade de ferramentas para trabalhar saúde e bem-estar nas edificações.

Sem dúvida, entre as opções mais conhecidas estão o LEED, WELL e FITWEL.

Onde tudo começou

Enfoque atual no ESG aumenta a busca por certificações

A certificação LEED foi a precursora de todo o movimento.

Nasceu há quase 30 anos, focada na questão ambiental e ao longo do tempo ampliou a preocupação para as edificações.

Sua versão 4.1 permite a aplicação para ambientes residenciais e é a mais reconhecida e implementada no mundo.

O LEED tem o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obras e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade, analisando áreas como localização e transporte, materiais e recursos, espaço sustentável, qualidade ambiental interna, eficiência do uso de água, energia e atmosfera, inovação e processos.

Straub ressalta que as certificações ambientais levaram ao LEED, contudo, o enfoque atual em ESG ampliou a preocupação com os ocupantes dos espaços, dando lugar a novas certificações como WELL e FITWEL.

O engenheiro lembra, dentro da construção civil, a importância do padrão GRESB (Global Real Estate Sustainability Benchmark).

O GRESB mensura, avalia e compara o desempenho em ESG para oferecer dados padronizados e validados para o mercado de capitais.

A partir de medições fiéis, é possível conectar investidores (pessoas físicas ou jurídicas) interessados em investir em empresas que de fato têm e trabalham com ESG e representam risco menor no mercado.

Rótulo Ecológico ABNT

Para as empresas do setor da limpeza profissional que buscam entrar no movimento sustentável e atender clientes alinhados com a certificação, um dos caminhos pode ser o Rótulo Ecológico ABNT.

Trata-se de uma certificação voluntária de produtos e serviços, de acordo com as normas ABNT.

Marina Brito, assistente técnica da ABNT Certificadora

Segundo Marina Brito, assistente técnica da ABNT Certificadora, a concessão do rótulo leva em conta o ciclo de vida dos produtos e identifica os pontos que impactam de modo negativo o meio ambiente, desde a extração de recursos, fabricação, distribuição, utilização até o descarte.

Marina explica que o processo para obter o rótulo é simples e parte da autoavaliação da empresa sobre seu produto ou serviço.

Em seguida, a Certificadora faz a análise de documentos e a verificação técnica para saber se o produto pode avançar na rotulagem ou não.

No caso dos serviços, há um acompanhamento por amostragem para verificar os processos.

Na conquista de processos sustentáveis

De acordo com Salene Loiola, gerente de QSMS T&D do Grupo Vikings, as empresas em processo de certificação LEED têm dois caminhos: ou elaborar um plano de trabalho interno para atender os critérios em matéria de limpeza de acordo com os requisitos para a certificação, ou contratar empresas que já tenham rótulo ecológico e processos sustentáveis de ponta a ponta.

Renato Basso, CSO do Grupo Vikings

A limpeza ambientalmente responsável é o modelo de negócio seguido pelo Grupo Vikings.

O grupo recebeu o certificado Rótulo Ecológico PE 311 da ABNT, específico para serviços de limpeza e conservação.

Renato Basso, CSO da empresa, pontua que a limpeza sustentável proporciona três ganhos: aumento da produtividade, economia de recursos naturais, e a busca por novas tecnologias.

Mudança de mentalidade

Segundo o executivo, a implantação de operações sustentáveis não acarreta elevação de custos e depende muito mais da mudança de mentalidade.

“Comparando em bases iguais, não temos impacto financeiro, pelo contrário, pode haver redução de custos”, atenta Basso.

Também a Limpidus, empresa que atua no segmento de franquias de serviços de limpeza, desenvolveu o GreenClean®.

Em suma, o programa ajuda na redução do impacto ambiental na terceirização dos serviços de limpeza.

Fernando Sodré, CEO da Limpidus

“Nosso programa possui ferramentas inovadoras de gestão, alinhadas com as demandas de sustentabilidade mundial, englobando, além da utilização de produtos menos agressivos ao meio ambiente e equipamentos mais eficientes sob o ponto de vista energético, uma série de processos desenvolvidos especificamente para essa finalidade”, explica Fernando Sodré, CEO da Limpidus.

De acordo com Sodré, são mais de 70 requisitos sobre diversos tópicos alinhados com a questão da sustentabilidade.

Eles estão voltados para a redução do uso de substâncias tóxicas e poluentes, racionalização no consumo de energia elétrica e de água e destinação correta dos resíduos gerados nas atividades de limpeza.

Ademais, consideram o controle de descartes de resíduos e a conscientização dos agentes envolvidos.

Ganhando reforços

O mercado também conta com as certificações WELL e FITWEL, alternativas à LEED para quem pretende ingressar nas edificações verdes.

A WELL foi lançada em 2015, com o olhar para a questão da saúde e bem-estar dentro dos ambientes.

Estabelece requisitos de desempenho em sete categorias relevantes para os ocupantes, que são: ar, água, alimento, luz, fitness, conforto e mente.

Tem grande complexidade, rigor técnico e auditoria presencial. Ela entra inclusive na política de RH.

Já o FITWEL veio com a possibilidade de ser alternativa à dificuldade técnica e de valores para implementar uma certificação.

É mais barata e rápida, com itens não obrigatórios, e maior flexibilidade em razão de se moldar às características de cada projeto.

Fomentada por fundação sem fins lucrativos, tem crescido bastante no mundo.

Foi desenvolvida pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC) e pelo General Services Administration (GSA), que contam com especialistas em saúde e design do governo norte-americano.

Embora tenha valores mais acessíveis, ainda não é aplicável a todas as tipologias de edificações.

Efeitos na prática

De acordo com Luiza, o uso das certificações tem sido mensurado e gerado comparativos em diferentes estudos, cujos resultados evidenciam os impactos nos ocupantes, levando a importantes conclusões.

A primeira é que investir na saúde reduz custos com seguros e planos.

Além disso, aumenta a satisfação geral dos funcionários, reduz o turnover e confere maior facilidade de manutenção dos ambientes, para citar algumas.

Faria destacou que os edifícios verdes representam as melhores avaliações para velocidade de ocupação, retenção de pessoas, conforto e bem-estar.

Portanto, o futuro é incorporar todas essas questões em busca de construções saudáveis e que ofereçam satisfação aos ocupantes.

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Aliás, vale lembrar que a Abralimp mantém uma parceria com a ABNT, desde 2018, pela qual seus associados podem solicitar o Rótulo Ecológico em condições especiais.

Saiba mais no link.

Fonte: Abralimp

Fotos: Freepik / Freepik / Divulgação