Responsabilidade socioambiental: uma boa saída durante a pandemia
Best-seller mundial, o livro A Estratégia do Oceano Azul arrebatou profissionais dos mais diferentes segmentos de negócio explorando que o verdadeiro segredo do sucesso estava em investir em mercados nunca dantes explorados. Mas, o que muitos não se atentaram é que, para que o próprio livro fizesse sucesso, foi preciso algo muito mais trivial: aprender com o sucesso dos outros.
Essa, não por acaso, é a lógica do benchmarking – processo pelo qual uma empresa pesquisa e avalia as boas práticas utilizadas por outras, a fim de incorporar seus melhores desempenhos ou de aperfeiçoar seus próprios métodos.
Não é novidade que a pandemia desafiou as empresas a se reinventarem ao limite em 2020. Mas continuar inovando, procurando por “novos oceanos” também será decisivo em 2021. Por isso, a revista HigiPlus mostra nesta reportagem como grandes marcas resistiram melhor à pandemia ao investiram em propósito e responsabilidade socioambiental.
Aprendendo com os grandes
Se um dos legados que a pandemia deixará é o aumento da importância que os consumidores dão à responsabilidade e ao propósito das marcas, no Brasil a realidade não é diferente.
Uma pesquisa realizada pela Kantar, líder global em dados, insight e consultoria, e que deu origem ao Barômetro COVID-19, revelou as principais preocupações dos brasileiros em relação ao coronavírus em todo o ano de 2020.
Ainda em março, 25% dos brasileiros esperavam que as marcas servissem de exemplo e guiassem a mudança. Meses depois, ao serem perguntados sobre quais marcas estavam adotando ações positivas para a sociedade em relação à pandemia, as mais citadas, não por acaso, foram Ambev, iFood, Banco do Brasil e Magazine Luiza.
Esse resultado aconteceu em boa parte pelas ações que as marcas colocaram em prática no começo da crise. Quem não se lembra da ação da Ambev ao anunciar a produção de 500 mil unidades de álcool em gel para distribuir a hospitais da rede pública? Na mesma época, o Magazine Luiza divulgou que aplicaria frete grátis a todos os produtos usados na pandemia como máscaras, álcool em gel e nebulizadores. O iFood teve um número recorde de mensagens positivas ao anunciar fundos de auxílio a restaurantes e entregadores. E o Banco do Brasil teve destaque ao estrear sua campanha de apoio a empreendedores e pequenas empresas.
“A pandemia e todas as suas dificuldades confirmaram que os consumidores procuram muito mais em uma marca do que apenas descontos. O jeito como ela se comporta em relação à comunidade à sua volta e, por consequência, seus problemas diários, determina o nível de engajamento que as pessoas têm com ela”, afirma Luciana Piedemonte, diretora e líder de Brand Strategy da Kantar Brasil.
Além disso, mesmo entre os consumidores mais convencionais, um em cada 5 afirmou que durante a pandemia adquiriu hábitos mais amistosos com o meio ambiente e 16% deles estão focando em iniciativas mais ecológicas. “Nossos dados continuam a sugerir, por exemplo, que a redução do uso de plástico permanece como oportunidade”, comenta Natalie Babbage, diretora Global de LinkQ da Kantar. “Observamos que os compradores estão altamente conscientes sobre as embalagens que adquirem, e que para eles passou a ser primordial considerar como podem reduzir o impacto no meio ambiente. O papel reciclado e embalagens com qualidade garantida também estão sendo mais utilizados, demonstrando a demanda por alternativas verdes”, completa ela.
DNA Sustentável
Embora seja significativo aprender com as estratégias das grandes marcas, é notável o que se pode aprender também dentro da Limpeza Profissional.
A Becker, fabricante de químicos de limpeza sediada no Rio Grande do Norte, possui desde sua fundação, há quase 40 anos, um verdadeiro “DNA Sustentável”.
“Nossas linhas de produtos são biodegradáveis, fabricadas em uma indústria que tem como matrizes energéticas uma usina solar e outra eólica próprias. Além disso, contamos com uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) de onde são retirados resíduos que serão transformados em tijolos/blocos para uso em obras de pequeno porte na própria fábrica”, explica o gerente Comercial, Douglas Campos.
Por conta dessas práticas, a empresa recebeu em 2014 o prêmio Unido Chemical Leasing, que presta reconhecimento a empresas que possuem uma gestão sustentável em toda sua cadeia produtiva – respeitando as mais recentes políticas internacionais de produtos químicos e os critérios de sustentabilidade da Unido (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial).
Durante a pandemia, a Becker também deu o exemplo e colocou em prática inúmeras ações por meio de seu Instituto de Responsabilidade Social: doou dois respiradores, milhares de máscaras e mais de 300 toneladas de álcool em gel, desinfetantes e produtos de limpeza para diversas instituições. “Importante destacar que essas ações não foram motivadas pela pandemia, mas sim intensificadas, pois desenvolvimento sustentável é o nosso foco. Mas acredito que a pandemia trouxe luz às marcas e empresas que realmente fazem a diferença”, completou Douglas.
Programa de limpeza verde
Outro case bem sucedido de sustentabilidade na Limpeza Profissional é da Limpidus, franquia de limpeza comercial que opera em todo o território nacional e está presente em mais 12 países.
Em 2008, a empresa criou o Programa GreenClean (PGC), composto por mais de 70 requisitos baseados em políticas, procedimentos e ações ambientais, além de um amplo programa de treinamento, com aplicação de boas práticas, otimização de recursos de limpeza, redução de desperdícios e menor poluição.
“Entre esses requisitos temos a redução do uso de substâncias potencialmente tóxicas ou poluentes; racionalização no consumo de água e energia elétrica; utilização de aspiradores de pó com filtros HEPA; barreiras de contenção em todas as áreas de acesso; e destinação adequada dos resíduos gerados nas atividades de limpeza, entre outros”, enumera a diretora, Eliana Gera.
Com foco na saúde das pessoas e redução do impacto ambiental, o PGC é direcionado a empresas que estejam desenvolvendo projetos de sustentabilidade, que buscam certificações ambientais ou interessadas em reduzir o impacto ambiental de suas operações, e pode contribuir em até 30% nos pontos necessários às empresas que buscam a certificação LEED-EB, da United States Green Building Council (USGBC).
“Criamos o PGC porque já vínhamos desde os anos 2000 percebendo o crescimento do interesse sobre o tema da sustentabilidade, e queríamos fazer algo que reduzisse o impacto de nossas atividades. Hoje, além da implantação do programa não custar nada a mais para o cliente, ele ainda tem a certeza de que estão sendo usadas no dia a dia da sua empresa as melhores práticas de limpeza”, completa Eliana.
Sabemos que um dos grandes legados da pandemia para a Limpeza Profissional será a valorização nunca antes vista da atividade. Mas, se for possível ir além e buscar “novos oceanos”, fortalecer o elo com os propósitos sociais e ambientais certamente ampliará as oportunidades que surgirão no horizonte. Sua empresa está preparada?
Fonte: ABRALIMP.
Foto/Divulgação: ABRALIMP.