Quer reduzir a rotatividade dos profissionais da limpeza? Veja as dicas
Salários, benefícios, motivação e treinamento; não existe um único caminho para controlar a rotatividade, mas um conjunto de ações
Você já deve ter se perguntado muitas vezes como fazer para reter seus colaboradores.
Nesse sentido, surgem análises para comparar salários, benefícios e planos de carreira.
Sem dúvida, esses pontos são importantes, mas outros fatores também pesam na rotatividade de colaboradores no mercado da limpeza profissional.
Além de remuneração e benefícios adequados ao cargo, o controle da rotatividade passa por um trabalho intenso de treinamento, atribuição de valores e divulgação da imagem institucional da empresa entre os colaboradores, defende Paulo Goulart, CEO da Gocil.
Segundo Paulo, a área de Recursos Humanos precisa de sensibilidade para o eventual risco de perda, entender a satisfação do colaborador e a “temperatura do ambiente profissional na empresa”.
O desafio da fidelização do profissional da limpeza
Além disso, lembra que segmento da limpeza possui características próprias, relativas à eventual falta de fidelização em razão das faixas salariais.
Sem dúvida, salário é um fator para procurar novo emprego, mas muitas vezes por outro que não agrega muito mais ao total de benefícios.
“Os profissionais que permanecem na sua função em determinada empresa normalmente são pessoas que possuem longo tempo de prestação de serviços em sua contratante e mantêm uma relação de carinho com o empregador”, analisa Paulo.
Para Carlos Alberto Ferreira, diretor-executivo de operações da GRSA, certamente o fato de o piso da categoria de limpadores estar próximo ao salário mínimo definido pelo governo é um dos motivos da baixa retenção de profissionais.
Ele explica que as empresas seguem diretamente o que é previsto na convenção coletiva da categoria para participar de concorrências.
Desse modo, muitas vezes oferecem um mínimo de benefícios.
Além das portas da empresa
Todavia, pelas regiões do país existem diferenças nos salários, na previsão de insalubridade e em outros benefícios.
“É o que explica o fato de reter mais colaboradores em determinadas regiões, como no Sul do Brasil”, diz Carlos Alberto.
Nesse sentido, ele recomenda que as empresas estudem as características da localidade para analisar quais as ações mais apropriadas para motivar e reter o funcionário.
De modo geral, entre as práticas que aplica com sucesso cita o plano de assiduidade, que aumenta os ganhos e, por meio de treinamento motivacional, explica os benefícios de um emprego formal.
Também destaca a importância de uma política de divisão de bônus.
Com isso, ao atingir as metas da prestação de serviço, os colaboradores ganham uma participação financeira.
“Isso motiva tanto a entrega de um serviço com qualidade como retém o trabalhador”, ressalta Carlos Alberto.
Integração e pertencimento
Já a boa relação com o empregador e com o ambiente são pontos evidenciados por Jorge Luiz Ferreira, especialista em pessoas e tecnologias, diretor de RH da TGG Consulting Business Center e parceiro estratégico da Sólides Tecnologia.
“A principal causa da saída nos primeiros dias de trabalho é a falta de integração. Ela precisa ser estruturada para apresentar a empresa, explicar o serviço, as normas internas, orientar sobre EPIs e acolher em todos os sentidos”, explica.
Por vezes, o profissional da limpeza enfrenta o problema de ser invisível para muitos.
Entretanto, isso é algo que pode ser mudado com atitudes simples, desde um bom-dia, por exemplo.
Jorge ressalta que é fundamental trabalhar o senso de pertencimento à empresa.
“É fazer entender o propósito da função. Por exemplo, ao limpar o hospital enfatizar que salvará vidas. Mostrar o motivo da limpeza”, destaca Jorge ao pontuar ainda a importância de transmitir consciência, responsabilidade e ser transparente na liderança. “Mesmo o que for considerado básico precisa ser dito.”
O espelho da liderança
Sem dúvida, a liderança é outro aspecto que influencia na permanência do colaborador.
“A liderança não pode falar uma coisa e praticar outra. Líder precisa ser exemplo. Não pode prometer o que não será cumprido. A liderança imediata tem o papel de ouvir, conduzir e orientar o colaborador. Mostrar a real importância do papel do profissional da limpeza para que sinta orgulho do que faz”, pontua Jorge.
Todavia, a escuta ativa do líder contribui para a percepção de outros pontos, os quais levam à vontade de trabalhadores se desligarem da empresa.
“Muitos buscam a demissão pelo endividamento. Acham que pode ser uma saída para ter dinheiro mais rápido”, informa Jorge ao citar que nesse ponto é interessante a empresa promover meios para educar financeiramente o colaborador.
Aliás, Jorge alerta que problemas pessoais muitas vezes causam acidentes de trabalho, afetam a saúde mental e, com certeza, reduzem a produtividade.
Entender, educar e transformar
O especialista sugere palestras educativas e a realização pesquisas para entender os motivos dos desligamentos, sejam salários, benefícios, problemas com o ambiente ou de outra origem.
“Cuidar do profissional de modo ativo gera impacto positivo também para a empresa”, diz Jorge.
Em resumo, entender os motivos do baixo desempenho, implantar um cartão de benefícios flexível, abandonar a cultura de comando e efetuar uma análise comportamental para saber qual o melhor perfil para a vaga são mais algumas estratégias que contribuem para a redução da rotatividade.
Tudo isso sempre respeitando a individualidade de cada trabalhador.
Segundo Jorge, não adianta forçar promoções a cargos de liderança para quem deseja continuar no operacional.
A rotatividade dos trabalhadores no mercado da limpeza profissional é parte dos debates da Câmara Setorial de Prestadores de Serviços da Associação Brasileira do Mercado Limpeza Profissional (Abralimp).
Venha participar e trocar experiências!
Fonte: Abralimp