Qualidade do ar interno é sinônimo de qualidade de vida
Muitas doenças estão associadas à má qualidade do ar; veja como cuidar e promover a limpeza adequada em ambientes fechados
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar é um dos principais fatores de doenças e óbitos no mundo.
Os problemas de saúde podem ser de curto prazo como dores de cabeça, irritação nos olhos, sonolência, cansaço, passando por doenças respiratórias como rinites, sinusites e pneumonias.
Contudo, há casos mais graves, como câncer e problemas cardiovasculares.
Levando a questão para a qualidade do ar no interior de edificações, Arthur Aikawa, engenheiro e presidente do Departamento de Qualidade do Ar Interno (Qualindoor) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), alerta para a síndrome do edifício doente (SED), fenômeno que exemplifica o impacto direto das edificações nas pessoas.
A SED é um conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados.
Para quem trabalha ou passa o dia respirando nesses ambientes, a questão cada vez mais acende um alerta.
Expectativas com a QAI
Um relatório recente entre ocupantes de edifícios, divulgado pela Honeywell International Inc., empresa de tecnologias de construção, revela que a maioria dos funcionários entrevistados (93%) diz ter expectativas mais altas para a qualidade do ar interno (QAI) em seu local de trabalho agora do que há três anos.
Foi realizada com 2.500 trabalhadores de escritórios localizados em edifícios com mais de 500 funcionários na Alemanha, Índia, Oriente Médio, Reino Unido e Estados Unidos.
A pesquisa aponta que 43% dos entrevistados se preocupam com a QAI de seu local de trabalho.
Diante do cenário, Aikawa diz que a tendência é a implantação de programas de gestão de qualidade do ar interno.
Nesse sentido, está a norma ISO 16.000-40, em tradução para o português pela ABNT.
O programa de gestão está na nova norma sobre padrões de qualidade do ar interno, ABNT NBR 17037:2023 – Qualidade do ar interior em ambientes não residenciais climatizados artificialmente, baseada na Resolução RE 09/2023 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Olhar criterioso
A normativa é um sistema de gestão de qualidade que olha de forma geral todos os processos que impactam na qualidade do ar dentro das edificações.
Passa pelo equipamento para ar condicionado, limpeza, reformas, controle de pragas, entre outros.
Medidas incluem ações de melhoria e controles como questionários epidemiológicos com possibilidade do cálculo de retorno em produtividade, redução de absenteísmos e custas médicas na empresa.
“As empresas estão cada vez mais preocupadas com saúde e bem-estar de seus colaboradores, e as ações para gestão do ar que respiram tendem a aumentar”, destaca Aikawa.
Limpeza é aliada do ar puro
Paulo Gonçalves Peres, CEO da Inservice, defende que o impacto da limpeza na qualidade do ar interno é total.
A renovação do ar em ambientes fechados ocorre por meio de equipamentos, portas e janelas.
Nessa entrada de ar externo, partículas chegam ao espaço interno e ficam em suspensão ou acumuladas em superfícies.
E são essas partículas que se transformam em “comida” para ácaro, fungos e bactérias.
Peres explica que a limpeza considera três divisões: primária (equipamentos onde o ar externo é captado), secundária (dutos, quando houver), e terciária (espaço em que estão as pessoas).
“Por melhor que seja o filtro do equipamento de ar condicionado, a quantidade de partículas que entram no ambiente interno ainda será grande”, informa Peres.
Filtrar e limpar para remover o particulado
Vale lembrar que o próprio andar das pessoas levanta o pó.
Ademais, tudo o que fica depositado ou em suspensão aumenta o risco de circular organismos contaminantes.
“A limpeza correta promove a remoção de partículas sólidas do ambiente, as quais em suspensão influenciam na qualidade do ar e, consequentemente, na saúde e conforto dos ocupantes do local”, ressalta Carlos Eduardo Panzarin de Castro Mello, diretor comercial da Montreal GTEC.
Nesse sentido, Leonardo Cozac, engenheiro, membro do Qualindoor e presidente do Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI), explica que é importante que os equipamentos de aspiração sejam dotados de sistema de filtração que impeça a dispersão de material particulado no ar.
O lado bom é que novidades e tecnologias disponíveis no mercado permitem melhorar os processos de filtragem e renovação de ar e monitorar em tempo real as condições do ar compartilhado.
Foco nos pontos críticos
Além dos cuidados específicos com a manutenção de equipamentos e sistemas, como de climatização artificial, alguns pontos pedem atenção especial das equipes de limpeza.
Pesquisas públicas revelam que revestimentos têxteis, como carpetes e tapetes, tendem a funcionar como “filtro”.
Eles retêm no piso partículas de sujeira transportadas pelo ar, e afetam a qualidade do ar.
Desse modo, a recomendação da Anvisa, por meio da Resolução RE 09/2003, é de higienizar as superfícies fixas e o mobiliário, especialmente os revestidos com tecidos e tapetes.
Em suma, as equipes de limpeza precisam definir rotinas e frequência para alguns processos, como:
- aspirar e tirar o pó
- limpar ou lavar cortinas para impedir a dispersão de poluentes
- limpar dutos de ar
- cuidar da limpeza de móveis
- promover a higienização adequada do ambiente visando afastar ácaros e mofo
- substituir frequentemente os filtros dos equipamentos de limpeza
- ter uma equipe treinada e especializada para a limpeza do ar-condicionado
Mello informa que utilizar mops, panos de microfibra e aspiradores com sistema de filtragem adequado são boas escolhas para os procedimentos.
“A limpeza úmida das superfícies também evita que as partículas entrem em suspensão”, aconselha Mello.
Técnica assegura bons resultados
Todavia, é fundamental contar com mão de obra qualificada para entender as demandas e prestar o serviço adequado.
A manutenção e a higienização de sistemas de climatização são ações realizadas visando a performance do equipamento e a qualidade do ar.
Também é importante entender a diferença entre manutenção e higienização/limpeza.
A higienização e limpeza incluem a remoção de microrganismos, sujeiras e impurezas das superfícies, reduzindo os riscos à saúde.
Por sua vez, ao falar em manutenção, existe um conjunto de ações com o objetivo de reparar, manter ou conservar algo para garantir o bom e correto funcionamento.
Vale ainda dizer que a boa manutenção prolonga a vida útil dos equipamentos.
Portanto, faz bem para a saúde dos ocupantes dos edifícios e para as finanças da empresa.
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E veja também a matéria com informação da última edição da Higiexpo, que tratou sobre a importância de cuidar da qualidade do ar interno.
Fonte: Abralimp
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