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Por que misturar produtos de limpeza é um erro que pode custar vidas

Misturar produtos de limpeza sem orientação técnica pode causar intoxicações graves, danos ambientais e até levar à morte

Misturar produtos de limpeza pode parecer uma atitude inofensiva e até eficiente para reforçar a higienização. No entanto, essa prática é extremamente perigosa e, em um caso recente no Brasil, foi até mesmo fatal. A morte de uma pessoa por inalação de gases tóxicos após a mistura inadequada de substâncias acendeu um alerta no setor: é preciso reforçar a conscientização sobre os riscos químicos.

Segundo Thiago Leite de Alcantara, gerente industrial na Biochemical, a combinação incorreta de produtos pode liberar vapores tóxicos altamente nocivos, provocar queimaduras na pele e olhos, e, em situações mais graves, causar explosões, incêndios ou dificuldades respiratórias severas. “Misturar desinfetantes com água sanitária ou detergentes, além da combinação de removedores com produtos ácidos, pode gerar vapores perigosos”, explica Thiago.

Além dos perigos à saúde, misturas sem orientação técnica também afetam o meio ambiente. “Quando produtos incompatíveis reagem entre si, podem liberar vapores tóxicos que poluem o ar e afetam a saúde de seres vivos, incluindo humanos. Além disso, resíduos líquidos gerados por essas reações, se descartados no ralo ou no solo, podem contaminar corpos d’água e o lençol freático. Isso prejudica a fauna aquática e os micro-organismos essenciais ao equilíbrio ecológico”, alerta Thiago.

Lisiane Marques, diretora industrial da Limsept, explica como essas misturas podem comprometer a eficácia da higienização, mesmo sem causar reações visíveis: “algumas combinações podem neutralizar/inativar os ingredientes ativos ou criar substâncias que não têm a mesma capacidade de eliminar germes e sujeiras. Também, certos produtos podem interferir na ação de outros, reduzindo seu poder de limpeza ou até formando resíduos que dificultam a higiene adequada.”

Entre os erros mais frequentes ao tentar combinar diferentes produtos, Lisiane destaca:  “O principal e maior erro é não ler as instruções de uso no rótulo do produto. Outros erros são: misturar produtos sem ter conhecimento da sua compatibilidade, usar quantidades excessivas de produtos na tentativa de melhorar a limpeza, misturar produtos químicos diferentes comprometendo a saúde, a segurança e a eficácia da limpeza.”

Mas então, existem combinações seguras? Sim, mas apenas com base técnica. “Para garantir a compatibilidade, o profissional deve sempre consultar a FDS (Ficha de Dados de Segurança) e seguir rigorosamente as instruções do fabricante. Além disso, há sistemas específicos de compatibilidade química que ajudam a verificar quais produtos podem ser utilizados juntos com segurança. Em ambientes industriais, é essencial contar com a orientação de um responsável técnico ou profissional da química, que pode avaliar corretamente os riscos e indicar práticas seguras de uso”, explica Thiago. 

Para evitar tragédias, profissionais recomendam a adoção contínua de boas práticas de segurança, como:

  • Treinamento: Capacitar regularmente os profissionais.
  • Material de apoio: Disponibilizar fichas técnicas, cartazes informativos e manuais de boas práticas acessíveis a todos os colaboradores
  • Identificação dos produtos: Garantir que todos os produtos tenham rótulos e/ou etiquetas bem visíveis.
  • Procedimentos padronizados: Estabelecer protocolos de limpeza que incluam orientações específicas sobre combinações de produtos e etapas a serem seguidas.
  • Fiscalização e supervisão: Realizar inspeções regulares para verificar o cumprimento das boas práticas e oferecer orientações corretivas quando necessário.
  • Comunicação: Incentivar uma cultura de comunicação, onde os colaboradores possam tirar dúvidas e relatar possíveis riscos ou incidentes.
  • Estar atento à mudanças: Manter-se informado sobre novidades, regulamentações e recomendações de segurança no setor.

A mistura inadequada de produtos de limpeza é um problema de segurança química grave, com consequências que vão desde a ineficiência da higienização até riscos fatais. Reforçar a informação e a prevenção é fundamental para proteger vidas, preservar o meio ambiente e manter a credibilidade de empresas e profissionais que atuam nesse mercado.

Assista ao HigiCast #62, onde Marco Antonio Ferrari, gerente de operações na Riccel, explica como diluir e classificar produtos químicos:

https://revistahigiplus.abralimp.org.br/higicast-62-como-diluir-e-classificar-produto-quimicos/

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