Oportunidades de negócios: higienização de estofados

É preciso fugir das misturas caseiras e da falta de qualificação para o serviço; evite destruir o estofado                   

Não é só a aparência. Estofados limpos e higienizados são fundamentais para manter a sua saúde.

Leandro Sena, CEO e fundador da Escola Nacional da Limpeza, estudante de medicina e presidente da Associação Brasileira das Empresas de Higienização de Estofados (Abrahigie), pontua que pessoas alérgicas tendem a apresentar hiperatividade das vias aéreas, tanto superiores quanto inferiores, levando a quadros de rinite e asma, quando em contato com ácaros e bactérias.

Porém, é importante ressaltar que não basta uma simples limpeza superficial para deixar os estofados em boas condições.

Além de métodos caseiros não removerem microrganismos, ainda danificam, provocam manchas e até reduzem a durabilidade da peça.

No processo de limpeza dos estofados é indispensável que haja a desacarização antes da higienização, pois a desacarização tem um alcance de até 30 cm na peça, explica Sena.

  • Desacarização é o processo de eliminação de ácaros, fungos e outros microrganismos presentes em estofados e objetos.
  • Higienização é o ato ou efeito de higienizar, de tornar higiênico ou limpo um ambiente, local ou superfície.

Também é aconselhável a utilização da secagem 100% para que não ocorra proliferação de bactérias nos estofados.

Sem qualificação não há higienização eficaz

Sena destaca que profissionais qualificados identificam manchas não visíveis.

Leandro Sena, CEO da Escola Nacional da Limpeza e presidente da Abrahigie

Por meio de técnicas com luz, asseguram um procedimento bem-sucedido.

O mercado de higienização de estofados cresceu em 40%, desde 2020 pela chegada da pandemia.

“Identificamos que muitas pessoas tentaram cuidar de forma caseira de seus estofados, mas infelizmente não obtiveram resultados positivos, gerando manchas residuais por produtos inadequados, provocando riscos à saúde e dano definitivo para o tecido”, ressalta Sena.

Misturas e técnicas domésticas, como utilização de vinagre, bicarbonato, cloro com açúcar, além de não serem produtos destinados à higienização dos estofados, aumentam a fragilidade das fibras dos tecidos e resíduos podem ocasionar problemas alérgicos na pele.

Afetando a saúde

Pessoas com peles atópicas e hipersensíveis são passíveis de urticária e dermatite atópica em consequência da falta da desacarização e limpeza nos estofados.

Carlos Villanova, médico pneumologista

Segundo Carlos Villanova, médico pneumologista, as doenças respiratórias trazem sofrimento e desconforto.

Alguns sintomas são tosse persistente, falta de ar e nariz trancado, sem contar as noites maldormidas.

Por isso, a desacarização é um procedimento essencial ao processo de limpeza.

“O controle das doenças respiratórias passa pelo uso correto da medicação, mas também pelo controle da higiene e limpeza e desacarização dos estofados, principalmente no quarto de dormir e na sala, que são os locais onde as pessoas passam a maior parte de seu tempo”, alerta Villanova.

O jeito certo

Para promover uma limpeza eficiente, o primeiro passo é contar com o apoio de um analista têxtil.

Ele é o profissional que identifica, por exemplo, o tipo de fibra em que a mancha está.

Também determina se é possível ou não remover manchas e qual o melhor produto e técnica.

Ao aplicar os procedimentos corretos desde a compra dos estofados ou colchão a durabilidade das peças é favorecida.

A indicação é que a desacarização ocorra mensalmente.

Já a higienização é indicada de 3 a 6 meses, dependendo do tipo de uso do estofado ou colchão.

“Vale lembrar que ainda existem empresas sem qualificação no mercado que prestam o serviço utilizando produtos caseiros e que acabam levando o perigo para a saúde dos familiares daquele ambiente. Por isso, é importante que o profissional procure uma formação profissional dentro do setor para prestar o melhor serviço aos clientes”, aconselha Sena.

Melhores práticas

Fernando Valente Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), lembra que existem guias e referências preparadas por empresas com orientações sobre os procedimentos em função de cada tipo de tecido.

Fernando Valente Pimentel, diretor superintendente da Abit

“Não existe ainda uma norma ABNT para a limpeza dos materiais estofados. Fui informado que se discute a criação de documento para orientar os melhores procedimentos”, conta.

Pimentel destaca que o mercado possui números significativos.

Ele cita o relatório da Abimóvel, com dados do IEMI – Inteligência de Mercado, pelo qual os estofados representam 10% da produção de móveis.

Para o fechamento de 2022, a estimativa do IEMI (responsável pelo levantamento dos indicadores oficiais do setor), é de que a produção de móveis no País tenha experimentado uma queda de 12,4% frente ao desempenho de 2021.

Com isso, o volume projetado fica em torno de 388 milhões de peças produzidas, enquanto em 2021 foram 443 milhões (considerando camas, colchões, móveis de escritórios etc.).

De acordo com Pimentel, os cálculos a partir das estimativas permitem concluir que o consumo de tecido para decoração em móveis estofados atingiu 123 milhões de m2, em 2021, o que representa no comparativo com o total de tecidos, de 4 a 5% do consumo têxtil.

Capacitar para a demanda

O mercado oferece oportunidades, mas faltam pessoas capacitadas para as funções, segundo Sena.

“Vivemos em um País com aproximadamente 215 milhões de habitantes e, logicamente, temos muitos estofados, colchões e demais itens para que sejam cuidados. Porém, podemos afirmar que não temos profissionais qualificados para prestação de serviço de alta performance”, argumenta Sena.

Para ele, é fundamental o apoio de instituições como a Fundação UniAbralimp, Abralimp, Escola Nacional da Limpeza e Abrahigie, que conseguem reunir profissionais para contribuir com o setor.

O mercado também pode contar com materiais de referência, como o livro “O certo não é fácil”, um manual completo para o profissional de higienização e desacarização de estofados, que foi lançado na Higiexpo 2022 e com disponibilidade na livraria da UniAbralimp.

A Fundação UniAbralimp também oferece um curso para tratar a higienização de estofados, nos formatos presencial e online.

Aproveite e inscreva-se para a turma de 3 de fevereiro.

Fonte: Abralimp

Fotos: Divulgação e Depositphotos