Limpeza acelera no ritmo da F1

Da pista ao portão de entrada, nada escapa dos cuidados da equipe de limpeza em um autódromo                                  

Não é fácil a tarefa de manter todas as instalações de um autódromo limpas e em perfeito estado de conservação.

No Autódromo de Interlagos-José Carlos Pace, em São Paulo, antes mesmo do esperado Grande Prêmio de São Paulo da Fórmula 1, que ocorre agora no início de novembro, a rotina da equipe de limpeza é intensa.

Do prédio da administração à varrição de toda a área externa, a limpeza foca em locais como túneis, portarias, perimetral, heliponto, salas VIPs, tribuna, hospital, arquibancadas cobertas e externas, salas de imprensa, área do kart, paddock, boxes, depósitos, banheiros, bem como as áreas de caminhada abertas ao público.

Porém, quando se trata de um autódromo, certamente os olhares estão na pista.

E falando de limpeza, quais os cuidados que ela precisa?

O temido óleo na pista

O Departamento Administrativo do Autódromo de Interlagos informa que o derramamento de óleo é o tipo de sujidade mais visível, temerosa e comum dentro das pistas de corrida de carros.

Joni Gularte, responsável pela área operacional e de tratamento de pistas do Autódromo Velopark, localizado em Nova Santa Rita, município vizinho de Porto Alegre no Rio Grande do Sul, concorda que em qualquer autódromo o óleo será sempre o maior problema para a limpeza.

Durante as provas, o óleo é rapidamente estancado pelas equipes de resgate dos eventos,.

Para tanto, utiliza-se um material conhecido como peat sorb, um absorvente orgânico para limpeza de vazamentos.

“É um produto que age como uma esponja, recolhendo o óleo resultante de vazamento ou acidentes na pista”, explica Gularte.

Pistas pedem limpeza permanente

Sem dúvida, a limpeza interfere diretamente na qualidade da corrida.

“Qualquer quebra resultando em partes ou resíduos na pista prejudica os freios e a aderência”, enfatiza Gularte.

Contudo, além da ação imediata da equipe de limpeza no momento da competição, posteriormente os resíduos de vazamentos passam pelo tratamento com equipamentos e produtos específicos, por meio de uma lavagem adequada.

Waldyr Quevedo, diretor de operações da Guima Conseco, empresa que executa a limpeza do autódromo de São Paulo, conta que entre os resíduos mais comuns removidos das pistas após os eventos esportivos estão borrachas de pneu e destroços de carros.

E tudo é removido com equipamentos como varredeiras tripuladas, lavadoras automáticas, sopradores, vassouras, pás e sacos de lixo.

Entretanto, o piso dos boxes é assunto à parte.

Lá é a oficina dos eventos de esporte a motor, gerando muita sujeira e, principalmente, óleo no piso.

Em suma, a limpeza básica ocorre com água e produtos do dia a dia.

“E aplicamos uma resina epóxi conciliada à máquina rotativa de enceramento”, conta a administração de Interlagos.

Cada circuito, um cuidado

Vista do Autódromo de Interlagos: cuidado com a pista passa pela limpeza / Foto: José Cordeiro/SPTuris

Segundo o Departamento Administrativo do Autódromo de Interlagos, um processo completo de limpeza do circuito oficial, após grandes eventos, shows ou mesmo períodos de inatividade, inicia-se com o uso de sopradores e, de forma manual, a varrição e retirada dos itens mais volumosos.

O processo é finalizado com a lavagem que, em média, utiliza três caminhões-pipa para alcançar todo o perímetro.

No Velopark, além do circuito existe uma pista de arrancada, que exige um tratamento diferenciado das equipes de conservação e limpeza.

Gularte explica que a pista utiliza um produto conhecido no mercado como VHT para aumentar a aderência do pneu ao chão.

Assim, exige um cuidado especial para remover a sujeira grudada e manter a pista em perfeitas condições de uso.

Outro ponto de atenção das equipes de limpeza é manter a área de drenagem da água sempre limpa para que não exista risco de os carros aquaplanarem.

Além das corridas, grandes eventos

O Autódromo de Interlagos tem a característica de ser um espaço público locável.

A premissa é entregar as áreas limpas e recebê-las nas mesmas condições após os eventos.

Durante dias de eventos, a limpeza do espaço contratado é realizada por equipes da própria organização.

“E o nosso acesso fica restrito somente às áreas administrativas e ao entorno do prédio”, explica Quevedo.

O processo de limpeza varia dependendo de cada tipo de evento.

Ademais, cabe ao organizador informar e comprovar ao autódromo a contratação da equipe da limpeza.

Aliás, isso exige a informação, inclusive, da relação dos colaboradores.

Planejamento para as tarefas diárias

Segundo Quevedo, a limpeza e a conservação de todo o complexo de Interlagos objetivam preservar o patrimônio.

O Departamento Administrativo do Autódromo de Interlagos explica que a limpeza é executada em sistema de rodízio.

Portanto, há um cronograma a partir da utilização e última intervenção realizada.

Áreas mais sensíveis, como as lonas das tendas do paddock e extensos muros, seguem procedimentos e cronologia específica e, basicamente, são utilizados compressores de água para limpar.

Já as fachadas envidraçadas merecem especial atenção.

Por exemplo, espátulas laminadas retiram os adesivos fixados nos eventos.

Em seguida, rodinhos de flanela de carneiro completam a limpeza com água e detergentes.

Atenção com as áreas comuns

As instalações das áreas comuns, como banheiros, cozinha, depósitos e escritórios, utilizam mop pó para varrição e pano úmido, com desinfetante no caso dos banheiros.

Quinzenalmente, de maneira mais completa, tais espaços têm a lavagem de piso com detergente.

E somente a cada seis meses é removida e reaplicada a cera.

Todavia, fora da rotina diária, antes da realização de eventos, Quevedo diz que é executada uma limpeza geral e mais profunda das áreas a serem utilizadas pelo cliente.

“Entregamos o local completamente limpo e pronto para receber o evento”, resume.

Sem esquecer da tecnologia e dos produtos profissionais

Quevedo enfatiza que a utilização de equipamentos aliados a tecnologias e profissionais qualificados trazem ganhos em produtividade e na qualidade do serviço.

Ademais, as questões ambientais pedem o uso de produtos e equipamentos compatíveis com a proposta sustentável.

Segundo Gularte, esse é um ponto que alguns circuitos ainda relutam em colocar em prática, “pois os custos são elevados para manter o respeito à parte ambiental”, uma vez que muitos dos produtos usados pelos autódromos são importados.

Agora você já sabe como a limpeza é importante para que os carros possam “voar” nas pistas.

Certamente, é um serviço essencial para todas as instalações.

Portanto, fique por dentro das notícias sobre a limpeza profissional. Acompanhe a revista Higiplus.

Fonte: Abralimp

Fotos: Freepik / José Cordeiro/SPTuris