Higiplus Entrevista: Sustentabilidade – quais as lições da pandemia para o novo normal

Roger Koeppl, fundador da cooperativa YouGreen, destacou que o correto descarte de insumos é uma grande oportunidade de educar sobre reciclagem.

Nos últimos meses aprendemos a conviver à distância, usar máscara, passar constantemente álcool nas mãos para higienizá-las… tudo para nos proteger do temido coronavírus.

Mas será que durante este período aprendemos a respeitar os limites impostos pela natureza? Quais lições tiraremos da pandemia para o novo normal? Para conversar sobre sustentabilidade e refletir sobre o tema o Higiplus Entrevista recebeu Roger Koeppl, fundador da cooperativa YouGreen.

Iniciativas como a troca de copos descartáveis por canecas para o cafezinho foram modificadas em virtude da pandemia. “A cultura estava em processo de amadurecimento e percebemos uma adesão ao longo dos últimos anos a práticas mais sustentáveis.”, disse o entrevistado, indicando que existem duas formas de enfrentar a pandemia.

Uma delas é manter a prática de ações sustentáveis mesmo tendo em vista os riscos trazidos pela pandemia. Outra medida é ser flexível e utilizar alternativas de formas mais seguras como descartáveis para reduzir o contágio. “O problema é utilizar esses novos produtos – como máscaras – e destacar como bitucas de cigarro nos passeios públicos, por exemplo”.

Descarte

 A forma correta para descartar insumos foi apontada pelo especialista como uma oportunidade de educar a população sobre o tema. Segundo o convidado o descarte de resíduos efetivamente contaminados deve seguir as políticas específicas de cada cidade. Além disso, máscaras e luvas devem ter atenção especial.

Mas segundo Koeppl, a “mágica do saco de lixo” faz com que as pessoas tenham a falsa sensação de que basta acondicionar os resíduos em sacos plásticos e fechá-los para acabar com o problema. “E não é verdade. É preciso saber o que pode e o que deve ser reciclado”.

Cooperativas

Uma das principais organizações de resíduos no mundo fez recentemente uma publicação na qual recomenda que os processos de descarte de resíduos já estão normatizados e devidamente regulamentados para a prestação do serviço, não havendo necessidade da paralisação das atividades, já que ela se configura como essencial.

De acordo com o entrevistado, o setor entende que as medidas de paralisação das cooperativas de catadores aqui no Brasil, no entanto, indicam precipitação dos órgãos governamentais. Por aqui atividade ainda está suspensa e tem impactado negativamente em toda a cadeia produtiva, com a escassez de renda e falta de material reciclado para abastecer a indústria.

Mas, na prática, quando será o momento de retornar a coleta seletiva de descartáveis? Indagado sobre a questão o convidado contou que a cooperativa YouGreen, especificamente, paralisou as atividades nos pontos de entrega voluntária de recicláveis quando detectou que a população estava levando máscaras para lá. “Foi quando vimos que a educação da população está muito aquém do esperado por segurança dos cooperados decidimos fechar. Mas decidimos reabrir para testar a conscientização”, disse.

Limpeza profissional

“Mais importante que o cliente são as equipes de limpeza profissional, pois são o elo imediatamente anterior. Nós somos quem abrimos e rasgamos o saco fechado pelos agentes de limpeza. São eles os responsáveis por fazer a triagem do que deve ser descartado. Essas são as equipes mais importantes na cadeia, por isso é importante entender que depois de fechar esse saco existem famílias trabalhando com todos os sentidos, operando e com aquele material como matéria prima”, esclareceu.

Daí a importância do esclarecimento para as equipes de limpeza sobre a função social da atividade e a relevância dessas ações para o trabalho dos catadores. “Fazer os agentes de limpeza participar ativamente do ciclo mostrando os resultados obtidos durante o mês com a reciclagem, por exemplo, aumenta a chance de reproduzir o comportamento porque eles passar a se sentir parte daquilo”.

Diante de todas as adversidades trazidas pela pandemia e os impactos nas atividades de reciclagem a solidariedade é a principal lição tirada com a pandemia, do ponto de vista de Koeppl.

“O altruísmo por parte dos cooperados em atividade em função dos que estão afastados mostra que chegamos a uma nova etapa da sustentabilidade: a humana. De certa forma tudo o que estamos vivendo nos uniu e expôs as fragilidades na guerra contra um inimigo invisível. Assim podemos aproveitar para lidar com sustentabilidade de uma forma mais amigável”, concluiu.

Clique aqui, para assistir esse bate papo na íntegra!

Fonte: ABRALIMP – Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional.

Foto: Divulgação.