ESG e a limpeza profissional

Seu colaborador sabe dos objetivos da empresa em relação ao ESG? Se a resposta for não, a gestão está na contramão do que dizem os especialistas

Muito mais que um tema da moda, o ESG, sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança), assume cada dia mais relevância para que as empresas sejam verdadeiramente sustentáveis.

Mas até que ponto todos os colaboradores das organizações participam e entendem seu papel em relação à sustentabilidade? Quem atua na limpeza profissional está ciente das suas atribuições e alinhado com as metas das organizações?

Tais questões foram debatidas por especialistas durante a Higiexpo 2022, no painel “ESG na prática da limpeza profissional”, realizado no Auditório Verde da Área do Conhecimento e que contou com a participação de Cassia de Almeida, Gizelma Rodrigues e Vinícius Gomes Ribeiro, tendo como mediador, Guilherme Salla.

Para eles, é fundamental fazer o ESG chegar a todos os colaboradores da empresa.

“S” é pensar no colaborador e em toda a cadeia

De acordo com Cassia, superintendente executiva na Facop e conselheira auxiliar de ações educacionais na Fundação UniAbralimp, o “S” da sigla tem grande importância no processo de transformação das organizações.

O social vai além do entendimento que a maioria tem. Não deve ser associado somente a ações externas, mas à atenção interna para as pessoas da empresa.

“É como a empresa cuida de quem está dentro”, enfatiza Cassia ao explicar que isso começa por saber como são as relações e como elas podem ser melhoradas, ampliando para o fornecedor, o cliente e toda a cadeia.

“É prerrogativa dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU, não deixar ninguém para trás”, pontua Cassia.

Limpeza: setor que mais inclui

Painel “ESG na prática da limpeza profissional” / Higiexpo 2022

Salla, que é diretor adjunto de Sustentabilidade da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), lembra que neste mercado o lado social tem grande impacto e destaca ser um setor que inclui trabalhadores mesmo sem experiência, sendo essencial a gestão de pessoas voltada para a evolução e o desenvolvimento individual.

Para Gizelma, gerente de Sustentabilidade Ambiental do Hospital Sírio Libanês, o mercado e os consumidores mudaram, estes muito mais exigentes, o que requer um olhar atento para cada situação e entender como os gestores se posicionam diante da mudança de cultura.

“Não é mais possível entregar qualquer coisa para o cliente. Não é modismo, é questão de sobrevivência do planeta e da empresa também”, afirma.

Vinícius, que atua na área de desenvolvimento de novos programas e negócios da ABNT, avalia que a sustentabilidade tem avançado para o direcionamento estratégico da empresa. “É um investimento saudável. As empresas que vão sobreviver são as que incorporam os pilares do ESG. Elas deixaram de ser apenas geradoras de lucros e assumem função social.”

Primeiros passos e engajamento real

Para Vinícius existe falta de normativa sobre ESG, mas isso não impede que as empresas iniciem a prática. Elas devem começar por entender quem são seus stakeholders, as suas necessidades, criar grupos para discutir o tema e saber como ele se conecta com o seu modelo de negócio.

Além disso, alerta para o cuidado com o greenwashing, tema que aborda em suas palestras e que consiste na ideia de vender um aparente engajamento com a sustentabilidade, enganando os consumidores.

De acordo com Vinícius, se o termo surgiu no aspecto ambiental, hoje está focado para todo o ESG e é preciso que a empresa tenha responsabilidade ao se mostrar empenhada nas práticas ESG.

Dentro do mercado de limpeza profissional, Gizelma enfatiza que as práticas sustentáveis passam a fazer toda a diferença na empresa, com ações pontuais na busca pela redução de descartáveis, destinação de resíduos, uso consciente da água e energia, equipamentos mais eficientes, que consomem menos água, e revisitando os processos, principalmente para a segurança dos profissionais que atuam na limpeza.

“Nosso segmento tem tudo para fazer as coisas acontecerem, muitas pessoas encontram ambiente acolhedor no mercado de limpeza profissional e cabe a esse segmento levantar a bandeira e a discussão plena sobre ESG”, afirma Salla.

Definindo o papel de cada um

O tema também fez parte da grade de eventos do Auditório Azul, que promoveu a palestra “O papel do profissional de limpeza e as práticas impactantes para o programa ESG”, conduzida pelos profissionais Mário Luís Pessôa Guedes e Viviane Moreira Reis, da Fundação do Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilities (FACOP).

Para eles, além de ser essencial entender o papel do profissional de limpeza dentro do ESG é preciso ter claro que a sigla não deve ser parte apenas do ambiente de gestão, mas compartilhada em seus objetivos com todos, dentro da realidade de cada um nas organizações.

Viviane, técnica em gestão hoteleira e professora, enfatizou a importância de definir os três pilares do ESG, seja para que a empresa tenha sucesso na gestão interna, seja para mostrar a real preocupação com a coletividade.

“A implantação de ESG requer planejamento e avaliação permanente para saber o que pode melhorar. Não é só implantar a metodologia. É um processo de gestão contínua”, destaca Viviane.

As dificuldades na prática

De acordo com Viviane, engajar os colaboradores é algo difícil, mas é preciso descobrir como encantá-los.

Nesse sentido, os palestrantes ressaltam a força da capacitação para impactar de maneira geral toda a comunidade e permite melhor integração com os objetivos da empresa.

“Posso ter os melhores produtos e equipamentos, mas se o funcionário não sentir que ele pertence a essas práticas nada será levado para frente com sucesso. Não adianta capacitar sem sensibilizar o profissional”, pontua Guedes, que é professor e pesquisador na área de qualidade e produtividade de equipamentos profissionais.

Ele ainda ressalta que capacitar é diferente de treinar. “Não é ensinar a usar, mas fornecer possibilidades para executar o trabalho e entender o porquê de fazer daquela forma.”

Viviane lembra que a limpeza é almejada por todos, mas muitas vezes os responsáveis pela execução passam despercebidos. “O trabalho é significativo e o trabalhador não. Valorizar esse trabalho é que leva ao êxito do ESG na instituição. A limpeza é algo sentido e o executor não pode ser invisível.”

Escolher um começo para o ESG

Durante a palestra, os profissionais elencaram algumas possibilidades para iniciar o processo de implantação de ESG: saber onde e como atuar; definir por onde começar; criar plano de metas e ações que inclua a todos na empresa; desenvolver o plano de ação; estabelecer mecanismos para executar as metas, tudo isso com foco no colaborador.

“Cada funcionário no seu posto de trabalho representa os valores da empresa, mas muitas vezes ele não sabe quais são esses valores, pois não recebe informação”, critica Viviane.

De acordo com Guedes, não há uma fórmula fechada para iniciar a implantação do ESG, que pode começar pela gestão ou pela base operacional, dependendo dos objetivos da empresa.

O importante é escolher o lado mais confortável para cada organização, entender os processos e como eles podem e devem ser ajustados, passando por produtos utilizados, fornecedores com selo verde, e avaliar se tudo está voltado para a otimização da eficiência do funcionário.

“A transformação tem que acontecer de maneira estratégica. O mercado pede novas formas de pensar e agir no modelo de negócio”, afirma Guedes.

Se você ficou interessado em entender mais sobre o assunto e como liderar equipes para que os resultados sejam positivos para a empresa e a comunidade onde ela está inserida, dê uma olhada na grade de cursos da Fundação UniAbralimp.

Lá estão títulos como “ESG – A importância do ‘E’ para o seu negócio”; “Inove as suas equipes” e muitos outros programas que podem ampliar sua visão sobre o tema e outros aspectos da liderança de equipes.

Fonte: Abralimp

Fotos: Freepik / Divulgação