Boa gestão afasta condição de insalubridade na limpeza profissional
Entenda os fatores que caracterizam a insalubridade na atividade da limpeza profissional
Entre as causas que geram processos trabalhistas está a insalubridade, ou seja, as condições de trabalho que podem colocar em risco a saúde dos trabalhadores.
O tema foi abordado, no final de maio, durante a reunião da Câmara de Prestadores de Serviços da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp).
No mercado da limpeza profissional, algumas situações expõem os profissionais a agentes prejudiciais à saúde.
Contudo, muitas podem ser evitadas por meio de uma gestão eficiente e, principalmente, pela orientação.
Rafael Cordeiro Leone, consultor, especialista em segurança do trabalho e perito judicial do TRT2, pontua que a limpeza atende todos os tipos de atividades da economia e, portanto, os riscos são os mais diferentes em relação a cada tipo de ambiente.
“Até a proteção contra ruídos, que não é uma condição típica da limpeza, mas do ambiente em que o profissional pode atuar, deve ser pensada”, pontua Leone.
Fernanda Cerri, gerente operacional da Indeba, destaca que o risco pelo uso de produtos químicos pede atenção especial dos empregadores do setor.
Ela lembra que existe uma cultura pelo uso de certos produtos que liberam gases que, em ambiente fechado, podem provocar desmaios e até levar à asfixia.
Riscos pelo uso dos produtos químicos
“O maior vilão é o cloro”, diz Fernanda ao ressaltar a necessidade de buscar soluções no mercado que não sejam geradoras de gases que ofereçam riscos ao quadro operacional.
Além disso, durante o uso de produtos químicos é importante que o ambiente seja ventilado.
No entanto, nem todos os locais têm circulação de ar, como é o caso de muitos banheiros.
Sem dúvida, antes do uso de qualquer produto químico é preciso que os profissionais leiam a ficha técnica sobre os componentes, características e o modo de aplicação recomendado.
Fernanda destaca que manipular certos produtos sem o equipamento de proteção individual (EPI) adequado, como luvas ou roupas de proteção, pode ocasionar lesões dérmicas.
“O uso de um borrifador pode expandir gotículas que inaladas na falta de uma máscara podem ser prejudiciais à saúde”, destaca Fernanda.
Portanto, o uso dos EPIs tem grande relevância para minimizar os riscos.
Documentar salvaguarda as empresas
Contudo, não basta que o empregador forneça os EPIs.
É necessário treinar e documentar, com a coleta da assinatura do colaborador confirmando que ele recebeu o material e as orientações sobre o uso.
“É uma forma de proteção para a empresa de futuros processos trabalhistas por condições de insalubridade”, pontua Fernanda.
Todavia, Leone defende a importância de fazer a gestão de segurança no dia a dia, uma vez que a perícia e o processo administrativo vão retratar a rotina de trabalho.
“A insalubridade se dá em função de uma gestão ineficiente ao longo do tempo”, pontua Leone ao falar sobre a postura de registros.
Para ele, a boa gestão ainda inclui os cuidados para que os EPIs sejam adequados à atividade a ser executada.
“O trabalho de base da gestão é identificar o risco para a atividade. Por exemplo, um hospital terá uma tratativa diferente de uma escola”, diz ao mencionar que tantos os produtos químicos utilizados como os EPIs necessários mudam em função de cada ambiente.
Aspectos legais orientam caminhos
Nesse sentido, o perito enfatiza a importância de conhecer a normativa que trata o assunto.
Ele destaca para a Norma Regulamentadora nº 6 (NR-06), do Ministério do Trabalho, que regulamenta a execução do trabalho com uso de EPIs.
Em resumo, a norma determina aquilo que um fabricante deve seguir para produzir o EPI e ter a aprovação para sua finalidade.
Por exemplo, uma luva pode ser aprovada para trabalhos com excesso de umidade e para contato com agentes químicos e mecânicos; outra pode ser certificada para abranger riscos biológicos.
Com treinamento, orientação e posse dos EPIs adequados, os colaboradores passam a ter responsabilidades, ou seja, devem fazer uso dos EPIs e solicitar a substituição sempre que necessário.
A falta de uso pode gerar advertências e até a demissão por justa causa.
Leone diz que é papel do gestor cobrar o uso dos EPIs e que, mesmo a entrega sendo documentada, é possível avaliar, em caso de uma perícia, se houve ou não a cobrança e atenção da liderança quanto ao uso.
“Uma luva não dura um ano. A ausência de registro de substituição, por exemplo, pode sinalizar que não houve a devida gestão e cobrança de uso”, explica.
Sem dúvida, a questão da insalubridade pede atenção de quem atua no mercado da limpeza.
Principal ponto é assegurar a saúde
Luciana Silveira Lucio, diretora da Câmara Setorial da Abralimp, diz que o tema é parte do dia a dia de todas as empresas prestadoras de serviços.
Nesse sentido, destaca a importância de executar os serviços da melhor maneira e sempre protegendo a saúde dos colaboradores e o patrimônio dos clientes.
E acrescenta que além dessa proteção é fundamental ter respaldo e evidências que comprovem que a empresa atuou para assegurar a saúde do seu funcionário.
“O objetivo não é se livrar de processos, mas em primeiro lugar proteger a saúde dos funcionários, o meio ambiente e todos os usuários dos espaços. A escolha de um princípio ativo seguro é favorável para todos esses pontos”, conclui Luciana.
As câmaras setoriais são um espaço de debate de alto nível sobre questões pontuais que afetam o mercado, bem como possibilitam a troca de informações sobre tendências e novidades.
Luciana destaca que as informações debatidas nas reuniões da câmara não devem parar nos seus participantes.
Ou seja, eles devem atuar como multiplicadores, levando para a empresa os pontos de interesse e convidando outros colaboradores para fazer parte das reuniões.
“É importante divulgar as reuniões para todos os setores das empresas”, enfatiza ao lembrar que os temas são de relevância para o dia a dia das organizações.
Informe-se e participe das reuniões!
Fonte: Abralimp