Aquário público: você sabe como é feita a limpeza?
Limpeza exige cuidados diários e os protocolos e rotinas variam em função de cada espécie presente no aquário
Garantir a limpeza de um complexo com 4,5 milhões de litros de água, distribuídos em quase 40 tanques e aquários, onde vivem mais de oito mil animais de 350 espécies não é tarefa fácil.
Com essas características, o Aquário Marinho do Rio de Janeiro, ou AquaRio, tem uma rotina intensa para manter os tanques limpos e seguros para a vida do plantel.
O primeiro passo é ter mão de obra capacitada para os moldes do aquário.
“Uma equipe treinada para atuar nos diferentes sistemas que existem para cada tipo de espécie”, diz Rafael Franco, biólogo marinho do AquaRio, ao explicar que a equipe de 65 profissionais é formada por biólogos, veterinários e aquaristas.
Maria Fernanda Balestieri, diretora-geral do Bioparque Pantanal, onde 31 aquários estão em exposição ao público, diz que cada tanque detém suas especificidades, seja em volume de água, cuidados com o plantel e protocolos e rotinas necessários para a limpeza, manutenção da vida, saúde e bem-estar dos animais.
“Contamos com equipes multidisciplinares e um robusto sistema de suporte à vida. São mergulhadores que detém qualificação e experiência, e os responsáveis pela limpeza integram a equipe terceirizada de manutenção do sistema de suporte à vida”, relata.
No Aquário de São Paulo, o manejo e a manutenção contam com um programa de treinamento e qualificação profissional especialmente criado para a atividade, informa Ricardo Cardoso, oceanógrafo e gestor do departamento técnico do aquário.
Mergulho autônomo e muita técnica
Cardoso explica que nos aquários de pequeno porte o técnico efetua a manutenção por fora do aquário , enquanto nos aquários grandes, através do mergulho autônomo.
A limpeza dos aquários e de seus visores ocorre com a utilização de uma variedade de ferramentas.
Em suma, entre os instrumentos comuns e especializados estão os limpadores magnéticos, buchas, hastes, raspadores, lâminas, tecidos não abrasivos, redes e puçás.
“Cada aquário passa por uma rotina de limpeza variada ao longo da semana, mas seus filtros de sólidos primários, filtros tipo bolsa, mantas acrílicas e filtros de areia recebem manutenção e limpeza diárias”, relata Cardoso.
Reproduzindo o ecossistema
Franco ressalta que o projeto do AquaRio foi desenvolvido para que funcione como um ecossistema vivo, minimizando a necessidade de usar produtos químicos na limpeza.
“Tudo projetado para que não haja a necessidade de limpar com aditivos químicos. Muitas vezes, no lugar de limpar o tanque há maior empenho na limpeza dos filtros”, relata Franco.
O Bioparque Pantanal, por exemplo, conta com sistema fechado de circulação de água e eventual troca parcial varia conforme a necessidade, condicionada à análise dos parâmetros da qualidade ou retrolavagem.
“Não há utilização de produtos para o tratamento e sim equipamentos como filtros de areia e carvão, lâmpadas UV, filtro biológico e aplicação de ozônio”, explica Maria Fernanda.
Critério na escolha de produtos e equipamentos para limpeza
Contudo, eventualmente, pelo crescimento desordenado de algas pode ser necessária a aplicação de algicidas.
Ademais, existem produtos que auxiliam na qualidade da água e na limpeza, sem interferir na vida dos animais.
Sem dúvida, os equipamentos ganham grande importância para a limpeza e manutenção.
Um dos destaques é o skimmer, responsável por captar e remover as impurezas e proteínas da água.
Também os sistemas de filtragem garantem a qualidade da água.
Cada espécie, um processo
Em suma, as especificidades das espécies determinam os processos e equipamentos necessários.
Por exemplo, um tanque de coral verdadeiro, onde há formação de esqueleto calcário absorvendo todo o cálcio da água, demanda o uso de reatores de cálcio para “devolver” o elemento para a água.
Certamente, os filtros, bombas e todos os aparatos usados na limpeza acumulam sujeiras e precisam de uma rotina de limpeza.
“Crescimento de microrganismos, incrustações nas tubulações, tudo isso precisa ser avaliado”, informa Franco.
Mergulhadores e a limpeza braçal
Todavia, a limpeza braçal tem papel relevante – e chama bastante atenção – na manutenção dos aquários, inclusive para limpar elementos cenográficos, acrílicos, rochas etc.
É quando os mergulhadores entram em ação.
O fundo dos tanques, onde se acumulam restos de alimentos e fezes, precisa de aspiração, num processo chamado sifonagem.
Cardoso esclarece que é dessa forma que a sujeira menor, que assenta no fundo dos aquários e não chega aos filtros de sólidos primários, é removida, e o processo varia de uma a três intervenções por semana.
“Em aquários de pequeno porte os técnicos efetuam a sifonagem de fundo de fora do aquário, utilizando mangueiras de baixa vazão presas a hastes para facilitar seu manuseio. Já em aquários de médio e grande porte, a atividade é realizada através de mergulho autônomo e mangueiras de grande vazão ligadas aos filtros de areia que operam em cada aquário”, descreve Cardoso.
Detalhes interferem no processo de limpeza
Para a limpeza de rochas e elementos decorativos os profissionais utilizam esponjas e esfregões durante os mergulhos ou mesmo fora do aquário.
Outra medida importante é o controle da temperatura. Quando elevadas, aceleram a formação de bactérias e o processo de degradação, impondo uma frequência maior para a limpeza.
Aliás, a frequência da manutenção é algo que varia muito entre os tanques, pois tem interferência de fatores como o plantel e o próprio clima.
Dependendo do tipo da espécie, como os tubarões, a limpeza precisa ocorrer diariamente.
Sem chances de ignorar os EPIs
A limpeza e manutenção básica dos aquários, recintos e áreas de manejo utilizam equipamentos de proteção individual (EPIs) comuns da atividade de limpeza, tais como luvas, aventais, galochas e óculos de proteção.
Entretanto, para a limpeza que exige o mergulho os técnicos utilizam os equipamentos indicados para a atividade.
Nesse caso, são roupas, luvas, botas e toucas de Neoprene, coletes equilibradores, máscara de mergulho e nadadeiras.
Sem dúvida, é um tipo de limpeza bastante peculiar e curiosa, observada de perto por todos os que visitam os aquários.
E é assim que a limpeza deve ser vista em todos os ambientes, como algo essencial para a vida de quem circula pelo local.
Uma atividade cheia de técnicas e processos, que depende de profissionais capacitados e treinados para a sua execução.
Acompanhe os canais da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) e veja como aprimorar, desenvolver e capacitar as equipes de limpeza.
Fonte: Abralimp
Fotos: Divulgação AquaRio / ASCOM BioParque Pantanal