Waste Expo Brasil debate urgências na gestão de resíduos sólidos
A Waste Expo Brasil 2022, realizada entre os dias 8 e 10 de novembro, em São Paulo, apresenta possibilidades para o tratamento de resíduos sólidos
Novidades, soluções e desafios para o tratamento de resíduos sólidos são alguns dos destaques da Waste Expo Brasil 2022, que reúne empresas locais e internacionais que vendem serviços, máquinas e equipamentos para a gestão dos resíduos sólidos.
O evento, realizado no Expo Center Norte, em São Paulo, foi aberto em 8/11, com a presença do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, do secretário de Saneamento do Ministério do Meio Ambiente, Pedro Maranhão, além de parlamentares e lideranças institucionais do setor.
Mourão enfatizou a importância do evento para a promoção e o desenvolvimento do segmento no País e citou que a gestão de resíduos precisa ser compartilhada por todos, para que seja possível entregar um planeta em melhores condições para as futuras gerações.
A feira, importante evento comercial do setor na América Latina e ponto de encontro dos profissionais que atuam na gestão dos resíduos, termina nesta quinta-feira, 10/11.
Segundo o presidente da Waste Expo Brasil, Jesus Norberto Gomes, a edição é considerada histórica, com mais de 150 empresas expositoras, de 15 países.
“São empresas que contemplam toda a cadeia produtiva de resíduos e que trazem para a feira o que há de mais moderno em maquinários e equipamentos de ponta, além de apresentarem soluções inovadoras para o segmento”, ressaltou Gomes.
Seminários temáticos enriquecem evento
Com seminários temáticos, a organização do evento convidou profissionais brasileiros e de outros países para discutir a importância da reciclagem, a gestão de resíduos em tempos de energias renováveis, o crédito de carbono a partir do Protocolo de Kyoto, os impactos provocados pela exigência do PIS/Cofins no setor de sucatas, bem como questões de governança e conformidade legal no setor.
Especialistas e autoridades governamentais foram chamados a debater sobre planejamento para a evolução da limpeza pública, erradicação de lixões, gestão de resíduos no centro da economia circular, logística reversa, descarte apropriado, aterros e o desafio de reduzir o lixo no mar.
A programação também incluiu procedimentos e meios para certificar embalagens pós-consumo e destinar corretamente os resíduos, os desafios da reciclagem de itens como plásticos, pneus, resíduos da construção civil, metais, vidros e eletrônicos, além da importância da logística reversa de eletroeletrônicos no País.
Regulação do descarte de resíduos sólidos
A questão dos resíduos sólidos está presente nos debates sobre a gestão ambiental, em razão do impacto que o descarte destes materiais gera no meio ambiente e na economia, tendo em vista a sustentabilidade dos negócios.
Em 2010, com a publicação da Lei nº 12.305, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos.
A Lei também regula as responsabilidades dos geradores e do poder público para a destinação ambientalmente correta, bem como o reaproveitamento e a reciclagem.
De acordo com a Lei, entende-se por resíduos sólidos todo o “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”.
Importante ressaltar que a referida Lei faz a diferenciação de rejeitos, assim entendidos os resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.
Tal diferenciação é importante, pois aterros só podem receber rejeitos.
Buscando alternativas
De acordo com dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), divulgados no Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Urbanos de 2021, no Estado são produzidas quase 40 mil toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos.
Assim, é fundamental discutir e promover soluções eficazes para esses resíduos, sendo eventos como a Waste Expo Brasil o espaço apropriado para ampliar o debate e mostrar os avanços e possibilidades para a gestão segura de resíduos.
Uma das alternativas levadas para o evento deste ano é o coprocessamento. Trata-se de uma tecnologia utilizada em diversos países em que os resíduos são completamente destruídos nos fornos da indústria cimenteira, sem restar qualquer passivo ambiental. Ao ser transformado em energia, os resíduos deixam de ir para os aterros sanitários.
A recuperação energética de resíduos como importante solução de saneamento básico é defendida por Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren). “É essencial reunir órgãos públicos, empresas e especialistas no setor para debater como o Brasil pode evoluir nesse segmento.”
Já a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) enfatizou a necessidade de avançar com a coleta seletiva e promover a economia circular.
A questão em números
Levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Banco Mundial mostra que 7 bilhões de seres humanos produzem anualmente 1,4 bilhão de toneladas de resíduos sólidos urbanos (média de 1,2 kg por dia per capita).
Estimativas apontam que em dez anos serão 2,2 bilhões de toneladas anuais.
A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) alerta que o Brasil perde R$ 14 bilhões por ano com a falta de reciclagem adequada do lixo.
Diante dos números, é cada vez mais urgente garantir as condições ambientais e gerar meios para que toda essa quantidade de resíduos tenha um destino economicamente viável.
A Associação Brasileira do Mercado Limpeza Profissional (Abralimp) esteve prestigiando o evento. Erika Duarte, coordenadora de Conteúdo Técnico da entidade elogiou a diversidade de estandes e ressaltou a importância da feira.
“É muito importante eventos como esse, trazendo o engajamento das empresas de todos os setores e, principalmente, da limpeza profissional. Além do cumprimento da legislação vigente, que vem sendo atualizada, temos a preocupação com o meio ambiente, o legado da nossa geração para o futuro do planeta.”
Fonte: Abralimp
Foto: Divulgação