Como limpar ambientes sem prejudicar os pets
Saiba como pet shops, clínicas e hospitais veterinários devem cuidar da limpeza para não causar problemas aos pets e às pessoas
A população de animais considerados pets no Brasil (cães e gatos, pequenos mamíferos, aves e répteis tidos como animais de companhia) é de quase 150 milhões. Somente o varejo especializado soma praticamente 40 mil lojas, de acordo com dados de 2021 divulgados pelo Instituto Pet Brasil.
Dora de Camargo Andrade Drake, da Clínica Veterinária Indavet, lembra que hoje em dia os animais de estimação ocupam um lugar de importância nas famílias, o que acaba por formar consumidores de produtos pets cada vez mais exigentes.
Segundo ela, isso é bom para quem investe na limpeza, uma vez que o cuidado com os bichinhos passa necessariamente pelo asseio dos ambientes que eles vivem e frequentam.
Saindo do campo doméstico, onde cada dono de pet faz o seu melhor para manter o lugar sempre limpo, nos estabelecimentos comerciais é preciso atentar para procedimentos profissionais de limpeza.
“A higiene de pet shops, clínicas e hospitais veterinários é de extrema importância para minimizar os riscos inerentes das atividades, com o intuito de garantir a segurança dos clientes, colaboradores, animais, bem como do meio ambiente”, pontua David James Drake, da Spartan do Brasil.
Boas condições de limpeza
De acordo com a Resolução nº 1.275/2019, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, os estabelecimentos médico-veterinários (clínicas, consultórios e hospitais veterinários) devem cumprir normas de boas práticas, dentre elas a de manter as instalações físicas dos ambientes externos e internos em boas condições de conservação, segurança, organização, conforto e limpeza.
Sergio Eduardo Borges Merlo, gerente de novos negócios da Sevengel, explica que os procedimentos e produtos utilizados na limpeza profissional dos estabelecimentos dedicados ao trato de pets são basicamente os mesmos adotados em outros locais de assistência à saúde ou de circulação de público, como indústrias, empresas, centros de compras, porém com algumas particularidades para proteger os animais e pessoas.
Assim, são requeridos protocolos bem desenhados para manter as superfícies livres do que de fato é possível enxergar e do que não é (os microrganismos).
As técnicas de higienização são necessárias para minimizar e evitar a propagação de vírus, fungos, bactérias, microbactérias, esporos e protozoários.
Na ausência de protocolos, produtos e processos eficientes na higienização de superfícies, o ambiente terá maior risco para transmitir doenças.
Potencial zoonótico
Leandro Alves, médico-veterinário na Clínica LA Vet e professor da Faculdade Alvorada Saúde e Grupo ANCLIVEPA-SP, alerta que muitas doenças têm potencial zoonótico, ou seja, podem ser transmitidas de animais a seres humanos.
“Estes lugares frequentemente recebem animais doentes, reforçando a importância de uma limpeza correta e constante. Se houver falha no processo de limpeza, a chance de transmissão de doenças aumenta muito”, explica Alves.
Desse modo, as superfícies de alto contato, como mesas cirúrgicas ou para atendimento, balanças de pesagens, acomodações individuais, banheiras para banho e tosa, sem desconsiderar a higienização de tetos, paredes e pisos, precisam seguir técnicas e rotinas da limpeza profissional.
Drake orienta sobre a importância de estabelecer frequências de acordo com a criticidade de cada área, sem esquecer de ao fim de cada processo higienizar os equipamentos de proteção individual, de limpeza e todos os acessórios utilizados, pois podem ser fontes de contaminação.
Aliás, artigos de uso nos animais, como estetoscópio, lanterna clínica, instrumentais cirúrgicos devem ser previamente limpos e posteriormente desinfetados e/ou esterilizados para eliminar qualquer tipo de contaminante.
Peculiar aos pets
Merlo adverte que os ambientes que lidam com cães e gatos precisam estar atentos a duas questões igualmente críticas: o faro aguçado desses animais e o fato de eles terem a pele 16 vezes mais suscetível à absorção de contaminantes.
Com isso, recomenda-se que a limpeza com produtos para desinfecção seja feita sem o animal no ambiente.
Claro que existe a necessidade da limpeza de manutenção das banheiras e locais de secagem, e, nesse caso, Merlo aconselha fazer uso de produtos adequadamente diluídos para a limpeza superficial.
Embora o mercado ofereça produtos específicos, com fragrâncias veganas, Merlo informa que não existem produtos vetados para a limpeza e desinfecção de ambientes que tratam animais, bastando evitar o contato direto com eles.
Para Alves, algumas formulações prontas, como as que contém quaternário de amônia ou clorexidina, por exemplo, são mais específicas para internamentos, centros cirúrgicos, consultórios e lugares que oferecem o serviço de banho e tosa.
Além disso, ele recomenda a realização, nos locais de atendimento médico-veterinário, de testes laboratoriais de identificação de microrganismos (cultura) e antibiograma, para conhecer o tipo de bactéria que está presente no ambiente, os quais devem ser feitos periodicamente.
E a indústria de alimentos?
É interessante ressaltar que no caso de locais que produzem rações e demais alimentos para pets, a limpeza deve seguir as mesmas orientações e protocolos para a indústria alimentícia.
Porém, há materiais que consolidam alguns detalhamentos sobre o processo de limpeza em locais que preparam alimentos para animais.
Entre eles, podemos citar o Manual Pet Food Brasil, elaborado por técnicos da iniciativa privada, acadêmica e Ministério da Agricultura, sob a iniciativa e coordenação da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET).
O documento, atualizado em 2019, defende a importância das boas práticas, considerando os procedimentos higiênicos, sanitários e operacionais aplicados em todo o fluxo de produção.
As técnicas e operações de limpeza com desmontagem (Cleaning Out Place) ou no local (Cleaning In Place), bem como a importância de contar com um plano geral de limpeza, com os devidos registros e referências quanto ao uso de detergentes e desinfetantes aprovados são aspectos elencados no manual.
Nos manuais produzidos pela Associação Brasileira do Mercado Limpeza Profissional (Abralimp) também é possível conhecer procedimentos de limpeza para combater vírus e bactérias, processos para gerenciar as atividades e rotinas, entre outras informações.
Qualquer que seja o processo de limpeza é importante que os produtos utilizados sejam certificados pelos órgãos reguladores do governo federal.
Também deve-se excluir os de fabricação clandestina, os quais não têm eficácia comprovada e por si já podem causar danos à saúde dos animais e dos humanos.
Para conhecer mais sobre técnicas e processos de limpeza e protocolos de higienização, inclusive de clínicas, consulte a programação de cursos da Fundação UniAbralimp.
Acesse o site e veja o curso mais adequado para as suas necessidades profissionais.
Fonte: Abralimp
Fotos: Divulgação e Freepik