Você sabe que tipo de luva usar na limpeza profissional?

É importante conferir a indicação de uso, pois não é qualquer luva que garante a segurança para executar a limpeza

Entre os equipamentos de proteção individual (EPIS) usados na limpeza estão as luvas.

Todavia, elas devem oferecer proteção compatível com o ambiente que será limpo, considerando as especificações e os riscos inerentes a cada atividade, bem como os possíveis agentes contaminantes.

Geandra Cihoqueta Medeiros, do Grupo Goedert.

“As proteções podem variar entre riscos físicos, mecânicos, químicos ou biológicos. E as luvas profissionais devem sempre possuir o CA – Certificado de Aprovação”, informa Geandra Cihoqueta Medeiros, gerente de Assuntos Regulatórios do Grupo Goedert.

O Certificado de Aprovação é emitido por um órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego.

Em síntese, ele certifica que o equipamento foi desenvolvido e aprovado para proteção contra determinados agentes, explica Rafael Cordeiro Leone, consultor, especialista em segurança do trabalho e perito judicial do TRT2.

Assim, no caso da limpeza, a proteção precisa considerar os agentes químicos (produtos de limpeza), agentes biológicos (presentes especialmente na limpeza de banheiros, hospitais e retirada de lixos) e ser impermeável, impedindo que as mãos dos colaboradores permaneçam molhadas durante o trabalho.

Segurança garantida pela certificação

Leone explica que cada EPI só pode ser posto à venda com o CA válido.

Rafael Cordeiro Leone, consultor e perito judicial do TRT2

Em resumo, ele comprova para qual agente o equipamento foi aprovado em testes realizados em laboratório credenciado ao MTE.

“Esta certificação se faz importante, pois somente desta forma as empresas conseguem garantir que os equipamentos fornecidos para proteção de seus funcionários de fato executam o papel de protegê-los”, pondera Leone.

Nesse sentido, ele ressalta a importância de conhecer a Norma Regulamentadora nº 6 (NR-06), do Ministério do Trabalho, que regulamenta a execução do trabalho com uso de EPIs.

Contudo, é preciso considerar que existem luvas fabricadas a partir de diversos materiais.

Além disso, esse EPI tem objetivos de proteção para diferentes riscos, levando em conta os ramos de atividade.

Escolher a luva certa faz a diferença

Para exemplificar, as luvas de borrachas (látex, nitrílica ou PVC) protegem contra agentes químicos; já a raspa de couro protege as mãos dos trabalhadores contra queimaduras oriundas do processo de solda; e luvas de malha de aço são usadas pelos açougueiros para evitar cortes nas mãos.

No caso da limpeza, a luva de látex natural é ideal para proteção contra agentes químicos, como álcoois e ácidos.

Por sua vez, a luva de PVC é indicada para manipulação de ácidos, bases, álcoois e cáusticos.

Tem ainda a luva de látex nitrílica, que é resistente a furos e abrasões, por isso, indicada para manipular bases, óleos, solventes, gorduras e graxas.

Todavia, no caso de luva descartável, esta pode ser fabricada de diversos materiais (vinil, látex natural, nitrílicas) e ter ou não talco.

Normalmente, esse tipo de luva age como barreira protetora contra agentes químicos ou biológicos e são conhecidas como luvas para procedimentos não cirúrgicos.

Atenção também com a espessura

Além da composição, as luvas para proteção possuem outras especificações que as diferem, por exemplo a espessura.

“As luvas para proteção contra agentes químicos, além da garantia para a impermeabilidade, possuem maior espessura e, consequentemente, maior resistência, para suportar o contato e a ação de produtos químicos”, acrescenta Geandra.

Outra característica das luvas é possuir cores diferentes.

Isso é importante para evitar ou minimizar a contaminação cruzada.

Segundo Leone, a utilização de luvas de diferentes cores é comumente adotada para que o profissional da limpeza não execute a higienização de um banheiro, local com riscos de contaminação com um tipo de luva e na sequência efetue a limpeza, por exemplo, de uma sala de aula ou refeitório com o mesmo EPI.

“Os fabricantes pensando nisso, desenvolveram o mesmo equipamento, em cores diferentes (amarela, azul, verde), de forma a facilitar que o profissional diferencie as luvas de acordo com o local a ser higienizado”, pontua Leone.

Sem regras para as cores

Cores são importantes para ajudar a evitar a contaminação cruzada

Geandra destaca que não existe uma regra específica para a adoção de cores.

Porém, a recomendação é optar pelas cores escuras, como azul, para limpeza pesada, com alto grau de sujidade e contaminação, como banheiros.

Já as cores claras, como amarelo, verde ou laranja, podem ser destinadas para a limpeza de pias, paredes, mobiliários etc., escolhendo a cor rosa para limpeza leve, como a higienização de louças.

Independentemente das cores, Geandra orienta para sempre verificar a embalagem de cada modelo de luva para conferir se possui o CA, bem como a identificação quanto à proteção.

Entre os tipos de riscos estão:

  • Riscos físicos: choques elétricos e queimaduras
  • Riscos mecânicos: abrasão, corte e perfurações
  • Riscos biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus
  • Riscos químicos: exposição a substâncias que podem representar risco à saúde

Leone ressalta que os equipamentos utilizados fora do padrão de qualidade (EPIS sem CA), podem trazer uma falsa sensação de segurança.

“O trabalhador utiliza o equipamento imaginando que está protegido e muitas vezes vai saber tardiamente que não estava, pois o equipamento não foi certificado nos padrões de qualidade”, adverte.

Ele explica que em casos assim o funcionário pode vir a apresentar alguma doença por falta de proteção.

No entanto, a maioria delas somente apresenta sinais ao longo de vários meses e em alguns casos anos depois da exposição ao agente agressor.

Importante saber como usar a luva

Sem dúvida, a escolha da luva ideal é um passo importante para promover a saúde e a proteção do colaborador em uma atividade laboral.

Antônio Tavares, da Volk do Brasil

“Porém, de nada adianta adquirir o item perfeito se o uso e a higiene não são realizados de forma adequada”, adverte Antônio Tavares, consultor técnico da Volk do Brasil.

Nesse sentido, ele ressalta a importância de utilizar as luvas com a face correta exposta.

“Em geral, esse lado contém a cor da luva e as suas informações em print, na altura do punho”, informa ao completar que ao adotar esse cuidado, o colaborador terá, além da proteção, maior aderência nos equipamentos que necessitar utilizar e conforto para executar os trabalhos.

Outro ponto relevante é higienizar as luvas sempre que não sejam descartadas.

De forma geral, o uso de sabão neutro e água corrente resolve.

Caso haja exposição a produtos mais concentrados, haverá necessidade de realizar um procedimento de higienização e sanitização.

Seguir um passo a passo aumenta a segurança

Também é fundamental ter atenção à colocação e retirada das luvas, seja reutilizável ou descartável.

Para tanto, Tavares lista o seguinte passo a passo:

  • Higienizar e secar as mãos
  • Observar se a luva tem o tamanho da mão
  • Para colocar é preciso dobrar o punho para fora, segurar firmemente na região da dobra e colocá-la na mão
  • Para retirar, é preciso segurar a luva na parte externa do punho, puxando em direção aos dedos e ela sairá do lado avesso
  • Para remover a segunda luva, é importante colocar os dedos na parte interna da luva, de forma que eles fiquem entre o pulso e a luva. E fazer o mesmo movimento de arrastar a luva em direção aos dedos, que devem estar segurando a primeira luva removida
  • Luvas de procedimentos devem ser descartadas em local adequado
  • Por último, é preciso higienizar as mãos

Para saber mais sobre o assunto, uma boa dica é acompanhar a VIDEOAULA – Segurança no Trabalho, da UniAbralimp.

A aula fornece informações sobre EPIs e detalha os tipos e usos de luvas.

Fonte: Abralimp

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