Perfil: Ana Claudia Morrissy Machado

Concorrente ao “Prêmio Mulher Destaque em Facilities” lidera o facility management da gigante Shell

Atuando em facility management há 20 anos – sete deles na Shell, uma das maiores empresas de energia do mundo – Ana Claudia Morrisy Machado responde pelo setor na América Latina. Ao todo estão sob sua batuta seis países e 15 sites.

Com uma equipe composta por nove pessoas alocadas no Brasil, Argentina, Bolívia e Venezuela, a profissional zela para que a equipe atue sempre em parceria. “Somos um time muito equilibrado em termos de atuação composto por quatro mulheres e seis homens. Há respeito e companheirismo entre nós, o que facilita qualquer processo de gerenciamento”, conta.

Mas a condução diária das atividades com culturas distintas não é tarefa fácil. Tanto que Ana Claudia lista como desafios a gestão de equipes multidisciplinares; a construção e manutenção do relacionamento com múltiplos stakeholders com demandas e expectativas distintas; e a busca pela eficiência com base na inovação. “Não é oferecer mais do mesmo, mas sim buscar o que agrega valor às necessidades que contribuam para a empresa como um todo”, enfatiza.

Pudera, Ana Claudia, carioca de 47 anos, adora criar soluções para desafios. “Gosto de trazer novidades que possam alterar e engrandecer as atividades que estão sendo desenvolvidas ou as que venham a ser feitas”.

Engenheira civil formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com Phd e M.Sc em Engenharia Industrial pela PUC Rio (Pontifícia Universidade Católica) e MBA em Administração de Empresas e Negócios pela FGV Rio (Fundação Getúlio Vargas) ela começou a carreira na área como calculista, trabalhando em uma pequena empresa no centro do Rio de Janeiro.

Lá era responsável por projetos de muitas obras como pontes e viadutos no corredor sul do país. “Dali fui para outra empresa de construção pesada em que atuei por dois anos projetando inúmeras estruturas em áreas industriais. Depois tive uma experiência offshore, trabalhando para NGI embarcada em plataformas de petróleo no mar norte”, relembra.

Sensibilidade aguçada

Foi justamente nessa época, lá pelos idos dos anos 2000, que surgiu o convite para retornar ao país e ao convívio com familiares e amigos. “Resolvi aceitar o desafio muito desconfiada do que viria a ser o tal facilities management ao qual seria apresentada”, conta Ana Claudia.

Mas a bagagem trazida das experiências profissionais anteriores se traduziu em uma sensibilidade aguçada para construir relações baseadas no bem estar e segurança dos que estão a sua volta e crescer no novo segmento de atuação.

“Busco mostrar que me preocupo genuinamente com o desenvolvimento da minha equipe. Incentivo o time a ir adiante, a testar, ousar, criticar construtivamente o que acontece no dia a dia e sempre acreditar que somos capazes de transformar, de agregar valor”, reitera.

A profissional revela ainda ter um mapa bem detalhado de seus stakeholders que revisa constantemente à medida que os times se modificam e as interfaces mudam.

“Estudo cada uma dessas pessoas, tentando entender suas características e a melhor forma de aproximação e comunicação. Uns são mais objetivos e práticos, outros mais visuais. Não há certo ou errado. Há, sim, uma melhor forma de criar relacionamentos sólidos e duradouros e de conduzir um mesmo assunto com pessoas diferentes.”, diz, acrescentando ainda; “é muito interessante fazer este estudo porque fica mais fácil capturar a atenção e transformar cada oportunidade de contato em algo proveitoso”.

Desafios

É justamente essa capacidade aguçada de ouvir, o cuidado com as palavras e o gosto por estímulos os pontos fortes da profissional no ambiente de trabalho. “Adoro desafios e lugares onde eu tenha espaço para criar dando asas à imaginação. E a área de facilities é um ambiente propício para isso, pois não há um dia igual ao outro. As demandas vêm das formas mais variadas exigindo a utilização de diversos skills que precisam ser aprimorados constantemente”.

Inclusive Ana Claudia relembra uma experiência marcante que carrega dos tempos iniciais na Shell que retrata sua visão e postura. “Na primeira vez que fui à sede da companhia na Argentina pedi uma reunião com o presidente da empresa para entender o contexto local e as demandas que viriam dali. Mal começou a reunião e o executivo me agradeceu por estar lá, mas me disse que não acreditava no trabalho que minha área fazia.”, conta.

Bastou para que a profissional se sentisse desconfortável. Diante disso, se levantou, colocou a mochila no ombro e começou a se movimentar em direção à porta. “Lembro dele me perguntar para onde estava indo e, sem perder tempo, respondi que estava voltando ao Brasil já que eu não havia deslocado boa parte da minha equipe, voado por três horas para estar ali e ser recebida daquela maneira”.

Após argumentar que não podia responder pelo que havia acontecido antes, Ana ainda completou dizendo que esperava uma postura mais aberta de uma pessoa naquela posição.

“Ouvindo minha fala franca, educada, mas muito direta, ele me pediu desculpas e me convidou a voltar para conversarmos. Construímos naquele momento um plano de ação que foi operacionalizado muito mais rápido e melhor com grande desenvolvimento para os sites do local”.

Ela destaca ainda que viu naquele momento uma relação deteriorada renascer e se transformar em confiança mútua e profundo respeito. “O resultado de todo esse processo foi que, ao longo do tempo, os demais sites vieram paulatinamente para a gestão de real estate.

Indicação ao prêmio

 Todo o esse trabalho consciente e cuidados culminou com a indicação de Ana Claudia ao “Prêmio Mulher Destaque em Facilities”. “Sinto-me honrada por ser percebida pelas pessoas da indústria como alguém que faz a diferença e agrega valor, levando delicadeza, força e visão feminina a um ambiente ainda muito masculino”, diz.

Para ela a indicação não só abre muitas portas dentro das organizações, além de reforçar a importância da equidade de gênero em todas as áreas de forma que as decisões tomadas no mundo corportativo sejam cada vez mais equilibradas e inclusivas.

Mas nem tudo é trabalho na vida de Ana Claudia. Divorciada e mãe de dois meninos Vinícius e Matheus, de respectivamente 11 e 7 anos, ela se divide entre os cuidados com os pequenos e fazer o que mais gosta nas horas livres: estar em contato com a natureza.

“Seja perto da praia ou no meio do mato – literalmente – naqueles lugares onde o celular não pega”. Pra ela vento no rosto, pé no chão e a companhia dos meninos são fundamentais.

“Viajo sempre que tenho oportunidade e aproveito o tempo livre para passear com meus filhos. Adoro ir a lugares carregados de história e fico encantada imaginando, in loco, as cenas e as narrativas lidas nos livros”.

Além disso ela também gosta de ler, tanto que se intitula “rata de livraria”. E fotografar. “Aprendi para registrar o desenvolvimento dos meus filhos”. Mas recentemente ela também está desenvolvendo o gosto pela cozinha. “Antes da pandemia era um grande mistério para mim”, brinca. “Ouvi de um amigo que reencontrei no grupo da escola após 30 anos que a culinária agrega as pessoas. Eu, particularmente, não tinha ideia do quanto isso é real”.

Ah, sim… e Ana Claudia ainda arruma um tempo extra para cuidar de um cachorro, quatro mandarins e muitos peixes (kingios). Dois jabutis que foram doados para um espaço porque cresceram demais para um apartamento e a saudosa gatinha Pérola compunham  o mini-zoológico.

Fonte: ABRALIMP – Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional.

Foto: Divulgação.