IoT chega com tudo ao mercado da limpeza profissional
Cresce a oferta de produtos e sistemas que incorporam tecnologias, Inteligência Artificial e IoT, transformando processos na limpeza profissional
Robôs que limpam janelas e que são capazes de limpar a casa por 65 dias seguidos; aspiradores de pó com descarte automático de lixo; almofadas eletrostáticas que prendem as partículas de pó e sujeira; sensores para o controle do fluxo de pessoas em banheiros, com acionamento automático dos profissionais de limpeza, manutenção e reposição.
Todas essas tecnologias já são realidade no cenário da limpeza.
Mas muitas novidades com o uso da Inteligência Artificial (IA) chegarão ao mercado em pouco tempo.
A Internet das Coisas (IoT), conceito que remete à conexão digital entre objetos do cotidiano com a Internet, faz com que dispositivos usem sensores e softwares para compartilhar dados com outros conjuntos.
“Com a IoT é possível que as máquinas possuam aplicações mais simples, como a rastreabilidade do uso do equipamento que possibilita uma programação eficiente de manutenções preventivas, além de identificar o comportamento do usuário durante o uso do equipamento”, compara Gauthama Nassif, CSO da Verzani & Sandrini.
Nassif destaca que, em casos mais avançados, a tecnologia auxilia na realização da limpeza de forma semiautônoma.
Em suma, permite que o operador realize outras tarefas e opere o equipamento apenas para algumas intervenções.
Mais dados à disposição dos gestores
Sem dúvida, as tecnologias colaboram com a gestão.
Elas reúnem, compartilham e analisam dados em menor tempo e com maior grau de exatidão.
Segundo Nassif, são muitas as possibilidades, desde ferramentas que auxiliam o time de backoffice nos processos de contratação e gestão de ponto, até ferramentas de gestão operacional com foco no dia a dia do escopo contratado.
“O intuito é oferecer uma entrega dentro dos padrões de qualidade alinhados com o cliente, ter a rastreabilidade do cumprimento de premissas para execução das tarefas, assim como uma visão do previsto versus realizado”, enfatiza Nassif.
Fábio Prado, gerente comercial da Jacto Clean, ressalta que a reunião de dados a partir da inteligência artificial traz ferramentas para maior assertividade na tomada de decisões e para a realização das rotinas de trabalho.
“Quanto mais dados, menor será o consumo de produtos químicos e mais otimizados os recursos e processos”, pontua Prado.
Somando serviços
Prado enfatiza a importância de investir em sistemas capazes de melhorar recursos e processos.
Também inclui na relação: fazer medições e oferecer sugestões baseadas em dados a partir de padrões para melhorar a performance dos equipamentos.
Assim, é possível concentrar informações sobre a utilização de um equipamento e sugerir meios para otimizar ou até substituí-lo em função do sub ou superuso.
Ademais, a IA permite a união de diferentes funções em um único equipamento.
“Há uma forte tendência de adicionar serviços complementares à limpeza”, afirma Prado.
Na prática, ao limpar os corredores de um mercado, um equipamento pode indicar a necessidade de reposição de produtos, erros de posicionamento de marcas e outras demandas.
Da rotina à real necessidade
De modo geral, crescem os estudos para criar equipamentos e acessórios que mapeiam o fluxo de pessoas e as necessidades da limpeza e conservação.
“Isso permitirá transformar os processos, para que a programação da limpeza não seja em função de uma rotina estabelecida, mas da necessidade real”, afirma Prado.
Nos próximos anos, espera-se a integração de sensores de consumo de forma nativa aos equipamentos.
“O avanço de tecnologias de vídeo pode possibilitar gatilhos para abertura de chamados em situações adversas, como intervenções em sujidades causadas por pets ou acidentes que ocasionam derramamento de líquidos ou resíduos”, destaca Nassif.
Explorar a predição
Certamente, entre as vantagens do uso das tecnologias a predição é uma delas.
Rafael Pimenta, CEO da W3ERP, afirma que entre os distribuidores de produtos e acessórios para limpeza o grande diferencial para a prestação do serviço é oferecer ao cliente a possibilidade de prever o que precisa comprar, reduzindo estoques desnecessários.
Pimenta participou do Higicast 45 sobre Software para Distribuidores, apresentado por Ernesto Brezzi.
Ao lado de Rafael Gasparin, CEO e fundador da Profline Higiene, debateu o uso da IA e novas tecnologias para as distribuidoras do mercado da limpeza.
Brezzi ressaltou que a tecnologia está à disposição de todos, mas as pessoas precisam dominar o uso de forma correta.
“Para quem usa prancheta e papel, o recado é mudar. É preciso estar atento ao mercado. É possível trabalhar de maneira antiga e ter produtividade, mas é preciso saber que há informações que levam a obter novos resultados e buscar utilizar as tecnologias, pois certamente o concorrente vai fazer isso”, alerta Pimenta.
Segundo Gasparin, muitas vezes são utilizados diferentes sistemas para controlar e administrar as informações.
No entanto, o ideal seria ter em um local dados de forma unificada.
“Quanto mais tecnologia puder embarcar, melhor para tirar riscos de erros de acompanhamentos de processos”, afirma Gasparin.
Mais tecnologia, mais sustentabilidade
Por fim, é preciso considerar que os dispositivos IoT também desempenham um papel importante na promoção da sustentabilidade.
“A integração de IoT nos processos permite uma gestão mais inteligente dos recursos, otimizando o uso de produtos químicos e minimizando o desperdício. Dessa forma, as tecnologias contribuem para a preservação do meio ambiente e promovem práticas mais sustentáveis no setor de limpeza profissional”, pontua Nassif.
Como exemplo, diluidores automáticos eliminam o desperdício e permitem a compra de produtos concentrados, o que significa uma logística de transporte mais eficiente, e espaço reduzido para estocagem e descarte.
Os pontos de alerta
Apesar de todas as vantagens, um dos pontos de preocupação diz respeito aos impactos nos empregos.
Há linhas de pesquisas que alertam para os riscos de substituições de muitos postos de trabalho a outras que enxergam a criação de novas ocupações.
Segundo divulgado pela Agência Brasil, um relatório da consultoria McKinsey sobre impactos da IA nos empregos, de junho de 2019, estima equilíbrio no saldo de empregos até 2030, com perdas de 20% e ganhos na mesma proporção, com pequenas variações.
Conforme o relatório, as atividades com maior risco de substituição serão entre os trabalhadores de serviços (30%) e operadores de máquinas (40%).
Já os ganhos maiores devem ocorrer nas áreas de saúde (25%) e manufatura (25%).
Um fato é certo: profissionais precisam de preparo
De acordo com Nassif, do lado processual, é importante garantir que a automação seja implementada corretamente e que os equipamentos sejam seguros e com alto nível de acurácia de dados captados.
A demanda por trabalhos repetitivos terá redução, com ganho de produtividade.
Porém, se faz necessário treinar a mão de obra para lidar com a tecnologia e garantir sua adaptação às novas necessidades do setor.
“Se não houver quem opere, não haverá eficiência”, conclui Prado.
Certamente, o emprego da tecnologia no mercado da limpeza profissional está em alta.
A Higiexpo 2024 será uma excelente oportunidade para que o mercado conhça as novidades e os avanços que a inteligência artificial e a IoT proporciona ao setor.
A Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) está atenta às tendências e demandas sobre o assunto.
Por meio de suas câmaras setoriais debate o tema no mercado da limpeza.
Fale com a Abralimp e saiba como participar das reuniões.
Fonte: Abralimp