Higicon começa com destaque para a agenda ESG
Evento reúne profissionais para debater a sustentabilidade no mercado de limpeza
Os princípios do ESG (Environmental, Social and Governance) inegavelmente estão presentes na indústria da limpeza, mas para Ricardo Vacaro, engenheiro e diretor da RL Higiene, o tema merece mais atenção.
“Vivemos as mudanças pelas tecnologias, mas estamos atrasados no tratamento de resíduos. Tudo vira resíduo ou poluição e o descarte deve ser tratado de maneira correta”, alerta Vacaro.
Ele lembra que são gerados 81,8 milhões de toneladas de resíduos por ano, sendo que 39% são descartados em locais inadequados.
No mercado da limpeza e higiene, apenas em papéis sanitários são 1,4 milhões de toneladas por ano, e 6 milhões de toneladas de produtos químicos de limpeza.
Os dados foram apresentados na abertura do 29º Higicon, congresso voltado para o mercado da limpeza profissional, que ocorre em paralelo à 28ª Higiexpo.
Com o tema “Limpando o presente, preservando o futuro”, o primeiro painel realizado na manhã de 14/8, em São Paulo, reuniu profissionais para debater “ESG: como a limpeza profissional se conecta com essa agenda”.
Novos patamares em sustentabilidade
Carlos Eduardo Panzarin de Castro Mello, diretor de conteúdo técnico da Abralimp, ressaltou que, alinhada com o tema, a 28º Higiexpo é a mais sustentável de toda a história da Abralimp.
Ele conta que a feira trabalha com os três pilares do ESG, compensando o carbono emitido, com um programa de mobília circular para destinar os móveis dos estandes, segregação de resíduos, com apoio a ações sociais, empregando operacional PCDs e com empresas aderindo ao programa Carbono B.
A sustentabilidade é um tema cada vez mais relevante para a indústria da limpeza. Segundo Vacaro, as empresas são impactadas nessa agenda em toda a cadeia, desde a indústria de matéria prima até o descarte final dos resíduos.
Desse modo, é importante entender como atuar para reduzir os impactos e atingir a limpeza sustentável.
O executivo defende três ideias-chave: a primeira, a de que não existe empresa bem-sucedida em um mundo insustentável.
Depois, cita a questão da interdependência, lembrando que o valor gerado pela empresa deve ser compartilhado com todos os stakeholders (colaboradores, clientes, fornecedores, comunidade e sociedade em geral).
Por fim, pontua que a regra de ouro é “nunca fazer para os outros o que não gostaria que fizessem para você”. E acrescenta ser obrigação entrar na jornada ESG.
Cuidar das gerações futuras
Desde que a temática ESG ganhou espaço no cenário mundial, muitas definições foram apresentadas.
Vacaro pontua que o ecossistema é finito, não cresce, e que portanto, é preciso observar uma equação onde a soma dos fatores leva à sustentabilidade. São eles:
- Mudanças tecnológicas com novos paradigmas;
- Mudanças radicais em políticas públicas;
- Nova consciência dos consumidores voltada para estilo sustentável de vida;
- Produtos e serviços radicalmente novos e que viabilizem estilos sustentáveis de vida;
- Nova organização da sociedade que impulsione a sustentabilidade.
O fato é que sustentabilidade não é uma moda, mas um movimento irreversível, como analisa Cássio Garkalns, sócio-diretor e CEO da GSK Inteligência Territorial.
“Podemos estar vivendo uma bolha mais intensa, mas é pouco provável que daqui a alguns anos isso seja abandonado. A sociedade não vai involuir”, pondera Garkalns.
Equilíbrio em meio a transformações
Ele defende a urgência de buscar um equilíbrio na sociedade, e ter atenção ao fato de que tudo está se transformando e com impactos grandes, seja pelos resíduos, água, mudanças climáticas.
Também sinaliza que o mercado já reconhece e valoriza negócios sustentáveis. “Há uma geração fazendo escolhas com base nas informações do rótulo, bem como buscando saber mais sobre as empresas fabricantes”.
Trazendo para o mercado da limpeza, Garkalns considera um setor muito sensível e um gerador de impactos, citando as embalagens e substâncias utilizadas.
Desse modo, trabalhar o tema ESG pode ser o diferencial de posicionamento no mercado. Isso porque além da redução de custos, os pilares permitem a melhora da reputação e imagem da empresa com clientes, colaboradores e investidores.
Dar pequenos passos é essencial
Desfazendo as preocupações sobre custos e dificuldades para colocar em prática medidas no campo do ESG, Garkalns aconselha começar pelo mais simples, selecionando um ponto importante para cada dimensão, e a cada ano evoluir em um deles.
“Um movimento mais agressivo pode comprometer a entrega pela empresa”, disse.
Como exemplos para o mercado da limpeza, relaciona entre as ações trabalhar com produtos sustentáveis, biodegradáveis e livres de substâncias tóxicas. Também menciona a gestão de resíduos e a busca pela eficiência energética.
Além disso, destaca a importância de assegurar a segurança do trabalho, investindo em treinamento e boas práticas.
Para Clara Martins Leite, cientista social e líder ESG da GSK Inteligência Territorial, é fundamental estudar as formas de mostrar para o mercado como a empresa está praticando ações sustentáveis.
Nesse sentido, reforça a importância da adoção de métricas. Por exemplo, no consumo de água, significa saber a quantidade utilizada em cada serviço da limpeza, medindo litros por metro quadrado de área limpa.
Inovação como aliada
Também considera essencial apostar na inovação, com investimentos em tecnologias que otimizem o desempenho ambiental e social, com softwares de gestão de resíduos e plataformas de comunicação com funcionários.
Ao colocar em prática as mudanças, Clara identifica alguns benefícios imediatos como redução de custos, otimização do consumo de água e energia, melhoria da imagem e valorização da empresa, atração e retenção de talentos, aumento da eficiência operacional e redução de custos.
O Higicon ocorre nas manhãs dos dias 14 e 15 de agosto, dentro da 29ª Higiexpo.
Fonte: Abralimp
Foto: Abralimp