CURIOSIDADES: Como a limpeza de pias previne surtos de bactérias em hospitais?

Escolha de produtos adequados, frequência da higienização e técnicas profissionais podem ajudar

A higienização profissional em hospitais é determinante para prevenir a disseminação de infecções, especialmente as causadas por bactérias resistentes a antibióticos. 

Um estudo publicado no American Journal of Infection Control trouxe à tona a vulnerabilidade de pias hospitalares como uma fonte crítica de contaminação em surtos de bactérias resistentes a antibióticos. 

O estudo em hospital

Realizada no Toho University Omori Medical Center em Tóquio, a pesquisa identificou como as pias podem atuar como veículos de transmissão de patógenos resistentes e colocar pacientes e equipes de saúde em risco.

Em 2017, um surto de Enterobacterales produtoras de carbapenemase (CPE) afetou 19 pacientes pediátricos em uma enfermaria, com a contaminação persistindo mesmo após a substituição das pias e a desinfecção com peróxido de hidrogênio. 

O estudo mostrou que as pias não só acumularam CPE, mas também que a transmissão entre as pias, conectadas por ralos e encanamentos, contribuiu para a propagação da bactéria.

O desafio foi enfrentar a persistente contaminação, mesmo após intervenções radicais, como a troca das pias.

Mitigando riscos em hospitais:

A prevenção da disseminação de bactérias em hospitais exige uma abordagem multifacetada, que inclui uma série de fatores.

  • Escolha adequada de desinfetantes: A seleção de desinfetantes deve levar em consideração o espectro de ação, a compatibilidade com os materiais e a resistência dos microrganismos.
  • É fundamental realizar a rotação dos produtos para evitar a seleção de cepas resistentes. Existem alguns tipos de patógenos que necessitam de desinfetantes com espectro de ação maior para poder ser eliminado. 
  • Frequência e qualidade da limpeza: A limpeza deve ser realizada de forma regular e com a utilização de técnicas adequadas. A frequência ideal varia de acordo com a área, sua utilização e o tipo de superfície.
  • Monitoramento da eficácia da limpeza: A implementação de programas de monitoramento, como a utilização de swabs para cultura e testes rápidos de ATP, permite avaliar a eficácia da limpeza e identificar áreas que necessitam de atenção especial.
  • Treinamento da equipe: A equipe de limpeza deve receber treinamento contínuo sobre as técnicas corretas de higienização, a importância da higiene das mãos e a identificação de riscos.
  • Para que sejam eficientes, os treinamentos devem ser teóricos e práticos, deixando clara a rotina planejada para cada área dos hospitais.
  • Além disso, é essencial incluir orientações claras nos manuais dos pacientes sobre o uso correto da água da pia, para evitar comportamentos inadequados que possam contribuir para surtos.
  • Tecnologia a serviço da limpeza: Softwares de gestão, sensores e outros equipamentos tecnológicos podem auxiliar na otimização dos processos de limpeza e na identificação precoce de problemas.

A importância da educação e conscientização nos hospitais

A educação e a conscientização sobre a importância da higiene são fundamentais para prevenir a disseminação de infecções.

É preciso que todos os profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos de limpeza profissional, estejam envolvidos nesse processo.

A higienização inadequada de superfícies hospitalares pode ter consequências graves, tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. 

O aumento do risco de infecções hospitalares pode levar ao prolongamento da internação, ao aumento da mortalidade e ao desenvolvimento de resistência a antibióticos — bem como ao surto de doenças.

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Colaborou com este conteúdo Fernanda Cerri, Diretora da Câmara de Químicos da Abralimp

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