Catadores e logística reversa ganham relevância na limpeza profissional
Valorização dos coletores de resíduos e a integração da cadeia de reciclagem são chave para uma gestão ambiental sustentável
No Dia Nacional do Reciclador, comemorado em 22 de novembro, a importância dos catadores de materiais recicláveis e a logística reversa ganharam destaque. Especialmente pelo baixo índice de reciclagem do país.
Segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA), apenas 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo. Então, isso significa um número muito abaixo em comparação com países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem.
Para entender melhor o impacto desses profissionais e como a cadeia de reciclagem pode ser mais eficiente, conversamos com a catadora Anne Carolina, com Luciano Rocha, Diretor Comercial da Girassol e com Ricardo Pazzianotto, diretor executivo do Instituto Rever.
Valorização dos catadores
Anne, que trabalha na coleta e separação de resíduos recicláveis, explica como o trabalho dos catadores é essencial para a saúde pública e o meio ambiente.
“A sociedade ainda tem muito a evoluir em reconhecer o papel essencial dos catadores. Porque, embora haja avanços, falta empatia e valorização prática, como melhores políticas públicas e incentivos que facilitem o trabalho e a inclusão desses profissionais,” afirma.
Além disso, a profissional destaca também a importância do seu trabalho na preservação do meio ambiente e na redução de doenças causadas pelo acúmulo de lixo.
“Nosso trabalho não só mantém as ruas limpas, mas também reduz doenças causadas pelo acúmulo de lixo. Cada resíduo coletado é uma contribuição direta para a saúde pública e um passo para um meio ambiente mais saudável”, diz.
Para ela, é determinante que a sociedade entenda a sustentabilidade e reconheça o impacto positivo dos catadores na redução de resíduos e no aumento da qualidade de vida.
Logística reversa como solução sustentável
Do outro lado, não basta apenas coletar e reciclar. É necessária uma integração entre indústria e coletores, acredita Luciano Rocha, diretor comercial da Girassol Produtos de Limpeza.
“A logística reversa fomenta e ajuda a financiar a cadeia de reciclagem, para que esta seja uma operação sustentável economicamente. Uma depende da outra”, afirma Luciano.
O especialista também alerta para os desafios logísticos que o Brasil enfrenta devido à sua grande extensão territorial e altos custos de transporte.
“O maior desafio é logístico e em um país continental, de altos custos de transporte, é inviável a logística reversa executada individualmente pelas empresas. A integração entre a indústria e a cadeia de reciclagem, por meio de organizações voltadas a unir essas duas pontas, é fundamental,” aponta.
E como fazer essa integração dos catadores com a logística reversa?
A integração entre a indústria e os catadores não é simples. Ricardo Pazzianotto, diretor executivo do Instituto Rever avalia que a indústria química pode desempenhar um papel fundamental no fortalecimento dessa logística.
“Isso inclui o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis, feitas de plásticos recicláveis ou biodegradáveis, que podem ser mais facilmente recicladas,” afirma.
Ele também destaca alguns desafios enfrentados nas embalagens dos produtos de limpeza.
“Os resíduos de produtos de limpeza, como plásticos e papéis de embalagens de detergentes, desinfetantes e outros produtos, frequentemente contêm resíduos de substâncias químicas que dificultam ou inviabilizam a reciclagem,” explica Ricardo.
Então, para que a logística reversa funcione de maneira eficaz, ele acredita que deve haver uma colaboração entre a indústria química, os catadores e outras entidades gestoras de logística reversa.
“A colaboração entre a indústria química, o governo e os catadores é fundamental para superar esses desafios logísticos e melhorar a eficiência da reciclagem. Investimentos em infraestrutura, programas educativos de conscientização e tecnologias de descontaminação de materiais são passos importantes para garantir a sustentabilidade econômica e ambiental dessa cadeia,” afirma.
Educação ambiental e o papel do consumidor
Todos concordam que a conscientização do consumidor é outro ponto abordado para que essa cadeia funcione de forma eficaz.
Para Luciano, “um consumidor mais consciente e educado ambientalmente, além de gerar menos resíduos e irá colaborar com a correta separação do resíduo e do lixo. Também consumirá produtos de menor impacto ambiental,” afirma.
Anne avalia que a “educação ambiental desde cedo pode transformar a maneira como as futuras gerações lidam com o lixo e com a sustentabilidade”.
E Ricardo finaliza com algumas ações que podem contribuir neste processo:
1) campanhas educativas e informativas para consumidores;
2) treinamento e capacitação de catadores;
3) desenvolvimento de produtos facilitadores da reciclagem;
4) apoio a iniciativas de logística reversa;
5) promoção da responsabilidade compartilhada;
6) incentivos para a indústria de reciclagem.
Sustentabilidade na Higiexpo
Na Higiexpo 2024, a Abralimp deu mais um passo nesta direção. A feira teve 15.981 kg de resíduos reciclados, um aumento de 25% na taxa de recicláveis e remunerou 11 catadores e catadoras.
De 20 a 22 de outubro de 2026, a expectativa é superar esses números na nova casa — a maior feira de Limpeza Profissional da América Latina será realizada no Centro de Exposições Distrito Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1209 – Santana – São Paulo). Conheça mais sobre a próxima edição da Higiexpo em https://higiexpo.com.br/.