Dia Mundial da Água: cultura e tecnologia são agentes de mudança
A utilização da água na limpeza profissional é impactada culturalmente, e a Abralimp estimula mudanças
O Dia Mundial da Água existe desde 1992 e foi criado em solo brasileiro. Mais de 30 anos depois, o consumo, economia e tecnologias para preservar a água mudaram.
Após um ano com ondas de calor intensas, é essencial refletir sobre a importância desse recurso precioso.
No Brasil, o anúncio do tema para 2024 foi realizado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). A escolha foi “A Água nos Une, o Clima nos Move”.
Durante o anúncio, a diretora-presidente interina da ANA, Ana Carolina Argolo destacou que “há a necessidade de fazermos a gestão desse recurso de forma unida, transversal, para que possamos, de fato, garantir o acesso à água em quantidade e em qualidade”.
Pensando nisso, a Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) acredita que há compromissos individuais e coletivos a serem cumpridos para garantir que o uso da água seja sustentável.
Dentro do mundo da limpeza profissional, onde a água desempenha um papel fundamental e é o centro de diversas operações cotidianas, se conectar com todo o mercado é o mais importante.
Circuito do bem
A água é indispensável para a limpeza de espaços e alimentos, assim como para a manutenção da umidade do ar e para diversos processos industriais.
Numa escala industrial, o consumo de água é elevado, porém muito tem sido feito para reduzir cada vez mais esses níveis. Dessa forma, com tecnologias mais avançadas e inovação, as empresas buscam formas de fazer o reuso de água em suas operações.
“O desenvolvimento industrial está na direção de melhorias e de fazer o reuso da água, e até transformar água que não estaria pronta para consumo por métodos de purificação, osmose reversa, dessalinização e remineralização”, diz Fábio Munhoz, diretor da Câmara de Fabricantes e Importadores de Máquinas.
Munhoz também destaca que hoje já existem máquinas que, por meio de purificação e mineralização, conseguem tratar e reutilizar a água para abastecer plataformas de petróleo que ficam no mar.
“Hoje, muitas indústrias usam esse mesmo processo para a água de consumo delas. Então, há praticamente um circuito fechado, onde se faz duas, três vezes passagem da mesma água pelo processo”, destacou.
O executivo ressalta que apesar do investimento para implantar essas tecnologias não ser baixo, o retorno é de aproximadamente cinco anos.
“Na Abralimp, nós temos um direcionamento muito forte para isso. A gente busca muitas iniciativas sustentáveis de melhoria, e também conscientizar as pessoas de que o uso de um maquinário pode trazer vários benefícios”, disse.
O que deve ser desmistificado
Mesmo com novidades no mercado, ainda existem muitos mitos que podem causar estragos. Uma lavadora de alta pressão, por exemplo, no lugar de aumentar, pode reduzir o consumo de água em 80% quando comparado a uma mangueira comum.
Isso se deve ao fato de que a lavadora de alta pressão restringe a vazão de água enquanto aumenta a pressão, o que permite uma limpeza mais eficiente, utilizando menos água.
Ademais, outro benefício do uso da lavadora de alta pressão é a opção de água quente, que por si só já ajuda a reduzir a necessidade de produtos químicos que poderiam contaminar a água.
Isso é particularmente importante em contextos onde a contaminação da água pode ser prejudicial, como em jardins ou em áreas industriais.
Ecologicamente correto em todas as pontas
Mesmo se a água não for tratada para reuso, ainda é importante valorizar o uso de produtos químicos que possuam princípios ativos biodegradáveis na hora de higienização.
“O que nós mais prezamos são produtos com princípios ativos biodegradáveis, que fazem menos espuma e que utilizam menos água no processo. E, posteriormente, na hora que essa água vai para a rede de esgoto, o químico vai se desintegrar”, afirma Fernanda Cristina Cerri, diretora da Câmara de Fabricantes de Químicos.
Além disso, Fernanda exemplifica que em épocas de chuva, como em algumas cidades em que passa o Rio Tietê, no estado de São Paulo, o uso de químicos não biodegradáveis faz com que o rio forme uma quantidade de espuma que afeta o ecossistema inteiro.
“Já vem de casa a cultura de que produto bom é aquele que faz espuma. Para mudar isso dentro do hospital, do shopping, é mais difícil. Existe a cultura de que se o produto não faz espuma e não tem cheiro, ele não é bom. Nós fazemos um trabalho forte de capacitação para mudar isso”, afirma.
Na visão de Fernanda, também há uma preocupação com a oferta de produtos biodegradáveis e a transparência nas informações fornecidas nos rótulos, para que seja entregue o que foi prometido.
Importância da cultura
Além do uso de máquinas e produtos químicos que precisam de atenção, para os prestadores de serviços, também é de grande importância se atentar à legislação, às tendências globais e às técnicas de sustentabilidade.
O mercado tem disponível diversas certificações, como a série ISO 14000. Essa série é um conjunto de normas internacionais que abordam práticas de gestão ambiental em organizações.
Além de atingir diversas áreas, o objetivo principal dessas normas é ajudar as organizações a minimizar seu impacto ambiental, melhorarem sua eficiência operacional e demonstrarem seu compromisso com a sustentabilidade.
Luciana Silveira Lucio, diretora da Câmara de Prestadores de Serviços de Limpeza Profissional, vê o movimento do mercado quando se trata de economia de água, energia e outros recursos.
“Como atendemos empresas de vários nichos, eles geralmente já possuem diretrizes para que os prestadores de serviço não desperdicem água”, disse. “Hoje, nós temos não só no mercado privado, mas também no mercado público essa preocupação com o meio ambiente em editais.”
Ela explica que há uma série de diretrizes para os funcionários de empresas, como apagar as luzes em períodos não utilizados, realizar uma pré-limpeza antes de utilizar água para lavagem, e priorizar o uso de água de reuso sempre que possível.
Também fornece treinamento e diretrizes específicas para garantir que os funcionários estejam preparados para adotar essas práticas no dia a dia de trabalho.
Na visão de Luciana, a conscientização não se restringe apenas ao ambiente de trabalho. Porém, que se estende para a vida pessoal dos colaboradores, promovendo uma cultura de conservação e sustentabilidade. Dessa forma, se beneficia tanto a empresa quanto a sociedade como um todo.
Disseminação de tecnologia e inovações
O desperdício de água ainda é o mais alarmante para diversas áreas da sociedade.
Na visão de Matheus Cremasco Bertipaglia, diretor da Câmara de Fabricantes de Equipamentos, Dosadores e Acessórios, a reutilização de água no Brasil precisa crescer.
“No Brasil, apenas 1% da água utilizada é reaproveitada, uma porcentagem bastante baixa quando comparada a outros países, como Israel, que atinge cerca de 70% de reutilização hídrica”, disse Cremasco.
Os dados são da pesquisa “O Impacto Econômico dos Investimentos de Reúso de Efluentes Tratados para o Setor Industrial”, de 2018, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Além da economia de água, o reuso permite planejamento eficiente, reduzindo custos e tempo de processos.
Para Thiago Kuin, diretor da Câmara de Distribuidores de Máquinas, Equipamentos, Descartáveis e Produtos, os principais lançamentos são em relação a máquinas de grande porte e produtos químicos inteligentes.
“Não podemos deixar de falar de soluções simples, como diluidores e dosadores, que ainda não são conhecidos por todos os usuários. Os distribuidores fazem um trabalho extremamente importante de levar ao usuário final as inovações que a indústria cria”, destaca.
Essas tecnologias mais avançadas, como controladores inteligentes, que permitem separar e direcionar a água para sistemas de reutilização. Assim, economizam tempo e operação, evitando a necessidade de reabastecimento frequente.
Água na dose certa
Há diversas inovações na parte de equipamentos, dosadores e acessórios quando se trata de opções que possibilitam a economia de água.
Grande parte dos fabricantes oferecem equipamentos e acessórios, dosadores e controladores, especialmente projetados para separar e controlar o uso da água.
“Um dos principais equipamentos é o diluidor, que permite a diluição adequada de produtos concentrados, evitando o uso excessivo e garantindo um controle preciso sobre a quantidade de produto utilizado”, pontuou Cremasco.
O diluidor é crucial para evitar o uso de produtos químicos puros, o que poderia resultar em desperdício, contaminação e até mesmo danos às superfícies.
Com o diluidor, é possível ajustar a quantidade de água e produto de acordo com a necessidade específica de cada área ou superfície a ser limpa. Isso proporciona uma limpeza eficaz, sem excessos ou deficiências.
Além dos diluidores, os mops úmidos também desempenham papel importante na economia de água. Com eles, é possível controlar a quantidade utilizada durante a limpeza, evitando desperdícios.
Como mudar a cultura?
A Abralimp age como um catalisador de mudanças para a cultura da limpeza. Kuin afirma que alguns clientes entendem o investimento da limpeza profissional como um custo, não um investimento.
“Isso faz com que eles busquem somente preço na hora de comprar produtos e equipamentos. A responsabilidade dos distribuidores só aumenta nesse caso, pois ajuda na mudança da cultura”, disse.
A função da gestão de limpeza é direcionada para esses objetivos, com foco na educação e treinamento dos colaboradores. Parcerias com outras organizações do setor são essenciais para promover a conscientização no mercado.
Por fim, instituições de ensino oferecem cursos voltados para higienização, como a UniAbralimp, que aborda questões relacionadas à sustentabilidade e uso consciente dos recursos.
A disseminação de conhecimento e a realização de treinamentos levam os profissionais a entender e adotar práticas sustentáveis em suas atividades de limpeza.
Dessa forma, é possível reduzir o impacto ambiental e promover conscientização.
Fonte: Abralimp