Dicas para vencer os efeitos negativos do trabalho noturno
Insegurança, estresse e solidão são alguns pontos para a administração dos gestores
Muitos locais mantêm um turno no período noturno para a realização da limpeza.
Normalmente, isso ocorre em ambientes com alta circulação de pessoas durante o dia, como shoppings centers, aeroportos e hospitais ou, ainda, porque demandam uma limpeza mais pesada, inclusive com uso de equipamentos específicos.
Segundo Ariane Carolina Rompato Passos, da Rompassos Serviços, muitas vezes é necessário o isolamento de áreas para a limpeza que requer o uso de máquinas e isso oferece risco com o público circulando.
Luiz Mattos, CEO da Limp Serv, pontua que também a indústria pode ter maior produtividade e eficiência com a limpeza noturna.
“O importante é entender que a aplicação varia em função de diferentes situações. O ramo industrial alimentício pede desinfecção permanente, que deve ser feita em chão, paredes e teto, às vezes com plataformas elevatórias, o que durante o dia não é possível”, exemplifica Mattos.
Michele Santana, gerente de contratos do Grupo GPS, concorda que o terceiro turno é válido quando for essencial restringir a circulação de pessoas.
Desse modo, cita como exemplo ambientes como hospitais.
Ela destaca que a rotina de trabalho é diferenciada e que a limpeza executada no turno noturno exige a manutenção durante o dia.
“E se ocorrer algo no noturno que prejudique a execução, como a queda de energia ou falta de água, a produtividade diurna será certamente afetada”, pontua.
Saúde do trabalhador
Todavia, se de um lado existe a questão da produtividade, na outra ponta estão os colaboradores e os desafios que o trabalho noturno impõe à sua saúde e bem-estar.
Uma pesquisa internacional produzida pela Jarrow Insights a pedido da UNI Global Union e UNI Europa, federações sindicais, apontou os desafios enfrentados pelos profissionais de limpeza que trabalham em horários irregulares, os quais experimentam uma série de efeitos adversos em suas vidas.
Entre os destaques estão a privação de sono (presente em quase 70% dos trabalhadores); preocupações com a segurança (45% das mulheres expressaram que se sentem inseguras); e conflitos na vida social e familiar.
Por aqui, a avaliação não é diferente entre os gestores.
De acordo com Mattos, o profissional precisa ter um local que lhe permita dormir e descansar durante o dia.
No entanto, nem sempre é possível em razão de ruídos e da claridade.
Além disso, existem outras tarefas em paralelo, como cuidar de crianças, casa etc.
“Muitos moram em condições ruins, existem situações familiares que não permitem o descanso durante o dia e isso acaba interferindo na saúde e na produtividade do trabalhador”, ressalta Mattos.
Desafio da produtividade
Ademais, o controle da produtividade no trabalho noturno é outro desafio.
Muitas vezes não há equipe grande nem liderança atuando no período.
Sem dúvida, isso leva alguns ao sentimento de isolamento e esquecimento sem a presença dos líderes.
Para Michele, uma saída é a inclusão desses trabalhadores pela educação continuada e a participação em treinamentos.
Além disso, é interessante manter uma escala de liderança para acompanhar mais próximo o colaborador no trabalho noturno.
Com relação à sensação de insegurança, Ariane diz que é preciso buscar alternativas para contornar a situação.
Como exemplo, na empresa em que trabalha os gestores evitam colocar mulheres na escala noturna, justamente por se sentirem menos seguras.
Também é importante ouvir os colaboradores em suas necessidades e pontuar com os clientes sobre a demanda de manter ambientes seguros.
“Às vezes apenas a adoção de um uniforme confere maior sensação de segurança ao trabalhador”, diz Ariane.
Conhecer o perfil do colaborador
Saúde e estresse são outros fatores que demandam atenção dos gestores.
Portanto, um dos primeiros passos é a empresa saber se a pessoa reúne condições para trabalhar no período noturno.
Certamente, o trabalho noturno é algo que depende do organismo de cada um.
Nesse sentido, pode ser mais fácil e seguro contratar quem já está habituado a esse turno.
Michele alerta, ainda, sobre os colaboradores que buscam o duplo emprego e isso ao longo do tempo reflete na produtividade.
“O líder não pode invadir essa necessidade, mas cabe orientar sobre a importância do período de descanso e dos riscos em não o observar para a saúde, ergonomia e questão emocional”, explica Michele.
Algumas saídas
É produtivo as empresas se atualizarem com o mercado da inovação para oferecer ao seu quadro de colaboradores equipamentos e produtos que melhor auxiliem na execução da limpeza.
Igualmente importante assegurar um intervalo para o trabalhador em período noturno.
“O descanso tem de ser respeitado, bem como garantir a refeição”, alerta Mattos.
Segundo quem acompanha de perto a realidade, a dica é manter conversas, ter proximidade e procurar ajudar nas dificuldades.
“Ouvir, sentir o colaborador e tentar fazer a visita presencial ao local de trabalho para conhecer as realidades dos trabalhadores são ações essenciais”, resume Ariane.
Na Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp), por meio de suas Câmaras Setoriais, temas como esse são debatidos e vivências compartilhadas para apontar soluções.
Faça parte! Fale com a Abralimp e veja como participar.
Fonte: Abralimp