EPIs: quais são necessários para a limpeza profissional?
Saiba o que é, como usar e a importância de um EPI certificado
São considerados EPIs (equipamentos de proteção individual) todos os dispositivos ou produtos de uso individual utilizados pelo trabalhador, concebido e fabricado para oferecer proteção contra os riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho.
A Norma Regulamentadora nº 6 (NR 6), editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, dispõe sobre os EPIs.
Ela só autoriza a comercialização no País daqueles que tenham a marcação do respectivo Certificado de Aprovação (CA).
Lorena Reis Rodrigues, engenheira química que atua no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), explica que o CA é um documento emitido pelo Ministério do Trabalho que atesta que um determinado EPI atende aos requisitos técnicos estabelecidos pela legislação brasileira.
Mas você sabe quais são os EPIs essenciais para a proteção de quem trabalha na limpeza profissional?
A revista Higiplus ouviu profissionais do mercado e relaciona aqueles EPIs que não podem faltar para a segurança das equipes de limpeza.
Em primeiro lugar, a escolha dos EPIs específicos deve considerar os riscos presentes no ambiente de trabalho e ser feita de acordo com as regulamentações locais de segurança ocupacional.
“Os EPIs variam dependendo do tipo de trabalho de limpeza a ser realizado e dos riscos associados a ele”, informa Marcel Rauchbach, gerente de Marketing da Volk do Brasil.
De acordo com Thiago Féris, engenheiro de aplicações da 3M do Brasil e instrutor voluntário da UniAbralimp, a limpeza geralmente envolve produtos químicos e por menos nocivos que sejam, a manipulação pode provocar reações em pessoas.
Portanto, seja para evitar a absorção de agentes químicos nocivos ou reduzir as chances de queda em pisos escorregadios, os EPIs são os companheiros de quem atua na limpeza.
Principais EPIs para a limpeza
Jhonatan Molina, técnico de Segurança do Trabalho da Prátika Terceirização em Serviços, elenca entre os principais EPIs para a limpeza as luvas impermeáveis, calçados de segurança, óculos de proteção e respiradores, categoria em que estão as máscaras.
Os protetores auriculares também entram na lista de EPIs essenciais, segundo Féris, uma vez que profissionais da limpeza operam máquinas e equipamentos que produzem ruídos.
“Claro que tudo depende do tipo de serviço a ser executado. Por exemplo, o uso de grandes volumes de água pode requerer calças plásticas ou avental impermeável. Dependendo do processo e do produto químico, torna-se fundamental exigir respiradores e até luvas mais grossas”, pondera Molina.
Para Féris, a adoção de uniformes é importante para proteger o trabalhador, pois são confeccionados com tecidos mais resistentes.
Do mesmo modo, sapatos com solados não escorregadios são necessários para evitar deslizamentos e quedas.
Assegurar a integridade física
Ignorar o uso dos EPIs significa aumentar a exposição a acidentes e doenças, pensando do lado do funcionário.
Por exemplo, na diluição é importante usar os óculos de proteção para evitar respingos nos olhos e consequências graves dependendo do tipo do produto manipulado.
“Pode até não gerar uma lesão imediata, mas lá na frente pode haver alguma implicação”, alerta Molina ao defender a necessidade de pensar na saúde e na integridade física.
Em caso de acidente, o trabalhador será o grande prejudicado, com sua vida afetada.
“Não deve descuidar, mesmo que ache o equipamento desconfortável. É preciso criar o hábito de usar, e não fazer a atividade sem ele. Se o acidente é ruim para a empresa e para o governo, muito mais para a pessoa que sofre”, enfatiza Molina.
Já do lado da empresa, orientar e fiscalizar o uso de EPIs pode evitar processos trabalhistas.
Segurança só vem com o uso correto
É bom frisar que não basta ter o EPI, mas saber qual a forma correta de utilização.
Por exemplo, no caso das luvas, além de serem adequadas ao tipo da tarefa é preciso que estejam limpas e sem rasgos antes de usá-las.
Elas devem ser substituídas quando danificadas ou contaminadas.
E ainda é fundamental lavar as mãos antes de colocar as luvas e após retirá-las, explica Rauchbach.
O modo correto de uso deve ser observado para cada tipo de EPI: verificar o ajuste das máscaras e substituir sempre que úmidas; remover as roupas de segurança com cuidado para evitar contaminações; conferir as condições das solas antiderrapantes são alguns dos cuidados.
E a forma adequada de uso só é possível pelo conhecimento.
“É importante fornecer treinamento para os trabalhadores sobre o uso correto dos EPIs e incentivá-los a usá-los em todos os momentos”, enfatiza Rauchbach.
O desafio de educar
Contudo, apesar da importância dos EPIS, há certa resistência entre os trabalhadores.
Assim, é necessário um trabalho de educação para quebrar as barreiras.
Féris defende que esse trabalho envolve as áreas de segurança do trabalho, treinamentos periódicos com fornecedores de químicos e as lideranças, que devem orientar continuamente.
E para não restar dúvida sobre qual EPI adotar, Féris destaca a ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ).
Trata-se do documento que indica as características, como potencial de corrosão e riscos associados ao uso.
Normalizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a ficha de segurança é de emissão obrigatória pelos fabricantes para comercializar produtos químicos.
Ademais, é um instrumento para mapear os EPIS necessários de acordo com o grau de periculosidade indicado na ficha.
E tem que ser certificado
Todavia, seja qual for o EPI, precisa ter o Certificado de Aprovação, que assegura que foi testado e está apto para o uso.
“O EPI que tem CA dá ao usuário a garantia de qualidade, e de que ele atende os requisitos mínimos para oferecer proteção contra os riscos para o qual foi construído, ou projetado”, afirma Valdir Soldi, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), órgão credenciado para emitir laudos para a certificação de EPIs.
Soldi explica que o CA é obtido a partir da submissão do equipamento a uma série de ensaios laboratoriais, que variam de acordo com o segmento para o qual cada artigo se destina.
Nesse processo, o fabricante submete seu produto a ensaios em um laboratório reconhecido pelo Ministério do Trabalho, que envia os resultados dos ensaios para o Ministério que, por fim, emite o CA.
Lorena ainda ressalta que o CA possui validade e deve ser renovado periodicamente para garantir que o EPI continue atendendo aos requisitos de segurança e implicações legais.
“Além disso, os trabalhadores apenas devem utilizar EPIs que sejam adequados às suas atividades e aos riscos envolvidos, conforme determinado pelo empregador e pela legislação vigente, e essa verificação pode ser confirmada pelo CA, onde estará descrito todas as aprovações, proteções e eventuais restrições”, explica Lorena.
Atribuições do empregador
Diante da relevância dos EPIs, a NR 6 estabelece as obrigações dos empregadores e dos trabalhadores em relação aos EPIs.
Em suma, cabe ao empregador fornecer gratuitamente os EPIs necessários para proteger os trabalhadores de riscos que não podem ser eliminados ou controlados de outra forma.
Também são atribuições do empregador o treinamento adequado e “as orientações sobre como usar os EPIs, incluindo como vesti-los, ajustá-los, retirá-los e conservá-los”, resume Rauchbach.
E fica responsável ainda pela higienização e manutenção periódica dos EPIs, bem como por substituir os equipamentos danificados ou extraviados.
Trabalhador tem que fazer sua parte
Se por um lado a empresa tem suas obrigações, os trabalhadores também têm deveres a cumprir:
– usar o equipamento fornecido pela organização;
– utilizar apenas para a finalidade a que se destina;
– responsabilizar-se pela limpeza, guarda e conservação;
– comunicar à organização quando extraviado, danificado ou qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e
– cumprir as determinações da organização sobre o uso adequado.
Ainda mais indispensáveis na limpeza industrial
A atenção para o uso dos EPIs deve ser dobrada no caso da limpeza industrial, que envolve tarefas como a higienização de máquinas, a esterilização de equipamentos, o hidrojateamento de ambientes industriais, entre outras.
Por vezes, a limpeza industrial impõe o contato com produtos químicos de alta abrasividade e o manejo de instrumentos que a tornam uma tarefa complexa e com riscos maiores.
Mais ainda, dependendo do local onde a limpeza será executada, pode ser imprescindível a utilização do cinturão de segurança para evitar quedas.
Portanto, abandonar o EPI nessas operações aumenta o risco para o trabalhador.
Para saber mais sobre o assunto, veja a videoaula “Segurança no Trabalho”, da UniAbralimp.
Lá estão os principais equipamentos de proteção individual e de proteção coletiva.
E mais, inclui informações sobre a correta colocação, utilização, retirada, higienização ou descarte.
Fonte: Abralimp