Verão e muita chuva ligam alerta para o Aedes aegypti
Algumas inovações contribuem para combater o Aedes, mas limpeza e eliminação de criadouros continuam no topo da lista de ações
O verão vem acompanhado da preocupação com o Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como dengue, chikungunya, zika e febre amarela.
Com a intensificação do período de chuvas, a atenção deve ser ainda maior.
Há forte impacto da umidade e temperatura no ciclo de desenvolvimento tanto do Aedes como de outros insetos, que se torna mais elevado nessa época do ano.
Além disso, a chuva favorece o enchimento de água em locais que podem potencializar os criadouros, o que aumenta a população de mosquitos, principalmente onde os ovos já se encontravam depositados.
Soma-se a isso o fato de que a formação de criadouros passa pela questão de higiene e limpeza, uma vez que o acúmulo de materiais, entulho e lixo favorece o desenvolvimento.
Quem explica é Sérgio Bocalini, biólogo, mestre em saúde pública e vice-presidente executivo da Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (Aprag).
De acordo com Bocalini, deveria existir um trabalho intenso durante o ano todo.
Existe a responsabilidade dos órgãos de governo, mas é fundamental a participação da população para combater o mosquito.
Caça aos criadouros do Aedes
Desde a década de 1980, o Aedes ocupa espaço nas discussões.
“Temos a necessidade de políticas públicas e da conscientização da população para que coloque em prática ações para eliminar os focos”, pontua o biólogo.
Para ele, o desenvolvimento de uma vacina para as doenças transmitidas pelo mosquito seria um fator decisivo, pois a guerra contra o mosquito é complexa.
Bocalini reconhece que os controles e recursos biológicos são importantes, mas são apenas ferramentas a partir de tecnologias que avançam.
Entretanto, nada traz resultados tão satisfatórios quanto se não tivessem os criadouros e isso passa, necessariamente, pela ação da população.
Tecnologias sim, mas com cautela
Algumas tecnologias impactam outros animais, quando aplicam produtos químicos que interferem na fauna de certas regiões.
“Precisa resolver o problema do Aedes, mas tem que ter o olhar ambiental para as ações que podem trazer consequências indesejáveis”, afirma Bocalini.
Nesse sentido, o biólogo destaca as novidades para combater e controlar o Aedes, desde mosquitos transgênicos que alteram o modo de reprodução, passando pela geração de mosquitos estéreis e até bactérias que reduzem a capacidade de transmissão de vírus, tendo ainda o controle químico.
“Tudo isso é somatório, pois não temos uma única técnica que possa controlar efetivamente o Aedes”, ressalta.
Um mosquito do bem
Entre as inovações surgiu o Aedes do Bem™, que é uma solução sustentável e altamente eficaz para o controle biológico do mosquito.
Luciana Medeiros, coordenadora de campo da Oxitec Brasil, explica que a tecnologia Aedes do Bem™ produz mosquitos machos, com característica autolimitante e que, assim como os demais machos do ambiente, não picam e não transmitem doenças (tarefa das fêmeas).
“Ao cruzarem com fêmeas da mesma espécie, apenas mosquitos machos da prole resultante sobrevivem até a fase adulta, os quais herdaram dos pais a característica autolimitante. O resultado é a queda do número de fêmeas que picam e transmitem doenças e, consequentemente, o controle populacional direcionado na região tratada”, detalha Luciana.
Os Aedes do Bem™ se desenvolvem dentro da Caixa do Bem assim que ela é ativada com água limpa.
Em aproximadamente 10 dias, os machos atingem a fase adulta, voam da caixa para o ambiente urbano e procuram ativamente as fêmeas do Aedes aegypti.
Desembarcando no Brasil
A tecnologia foi desenvolvida pela Oxitec, multinacional britânica fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil, na cidade de Campinas-SP.
Em pilotos urbanos em Indaiatuba-SP, o tratamento com a tecnologia em bairros densamente povoados levou à supressão de até 96% das populações de Aedes aegypti.
Adicionalmente, foi verificada eficácia de 100% no controle de fêmeas descendentes dos Aedes do Bem.
Bastante simples, a tecnologia consegue controlar o mosquito da dengue sem prejudicar espécies benéficas como abelhas, borboletas e joaninhas e, claro, pessoas e animais de estimação.
Efetivo e sustentável
Breno Valente, diretor de gestão da Prime Soluções Ambientais, ressalta que o controle a partir da própria população de mosquitos mostra maior efetividade operacional.
Isso porque os machos conseguem chegar até as fêmeas e aos criadouros mais difíceis de serem encontrados.
“A pulverização química não é seletiva e atinge outras espécies. É importante contar com soluções sustentáveis, que possam resolver o problema do cliente sem criar desequilíbrios ambientais”, enfatiza Valente.
Cada um fazendo a sua parte
Apesar das inovações, Valente lembra que nada substitui o método integrado de controle.
Em suma, é preciso ter a participação efetiva da população.
“É fundamental dedicar minutos do dia para olhar os espaços e se certificar de que não há locais que possam se tornar criadouros”, recomenda Bocalini.
E, no caso de alta infestação, deve-se buscar apoio para controle por meio de empresas especializadas, que trazem conceitos adequados.
O leitor está preparado para entrar na guerra contra o mosquito?
As ações que cada um pode adotar são simples e rápidas de serem executadas.
Fique por dentro e faça a sua parte para combater o Aedes.
- Não deixe água parada
- Caixas, tonéis e barris de água devem ser tampados
- Não junte vasilhas e utensílios que possam acumular água
- Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira fechada
- Não jogue lixo, entulho e resíduos em terrenos baldios
- Guarde garrafas com a boca para baixo
- Não deixe acumular a água da chuva sobre a laje e calhas entupidas; limpe com frequência
- Sem água parada nos pratinhos ou vasos de plantas; uso da areia pode ajudar
- Cuidado com os pneus guardados
- Mantenha piscinas e fontes limpas e cloradas
- Cuidado com o cultivo de plantas como bromélias ou outras que acumulem água em suas partes externas; elas precisam ter um tratamento diferenciado
- Confira se a bandeja externa da geladeira tem água parada e lave sempre com água e sabão
- Mantenha a limpeza de bebedouros de aves e animais
- Quando necessário, chame a limpeza urbana
Em caso de dúvidas, as câmaras setoriais da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) podem auxiliar você nesse combate.
Participe, fale com a Abralimp.
Fonte: Abralimp
Fotos: Divulgação / Freepik