Futuro da humanidade em tempos de Inteligência Artificial

A última palestra do Higicon provoca reflexões sobre o papel humano na era digital

A 29ª edição do Higicon, evento realizado em paralelo à 28ª Higiexpo, a maior feira de limpeza profissional da América Latina, trouxe um panorama inovador sobre a interação entre humanos e tecnologia.

No dia 15 de agosto, último dia de evento, Ligia Zotini, pesquisadora de futuros e fundadora do Voicers apresentou a palestra “Futuro(s): Inteligências Artificiais vs Consciências Reais”. Ela falou sobre a transformação das relações humanas no contexto das novas economias e das tecnologias emergentes. A reflexão central da conversa mostra a necessidade de humanização em um mundo cada vez mais dominado pela inteligência artificial.

A transição das economias e o papel das pessoas

Ligia iniciou sua apresentação abordando como as novas economias demandam características humanas como criatividade, colaboração e cuidado. “Para estar nas economias do futuro, primeiro precisamos estar nas pessoas”, afirmou. Essa conexão entre indivíduos e suas habilidades é essencial para lidar com a transformação digital que estamos enfrentando. A pesquisadora enfatizou a importância de cultivar um ambiente de confiança e colaboração, onde as pessoas possam prosperar em vez de serem meramente controladas por máquinas.

Ela apontou que as empresas do futuro podem se dividir entre aquelas que operam em um modelo automatizado e as que necessitam de humanos criativos e inovadores. “Tudo bem se você optar por um modelo de negócio que seja mais de 90% automatizado, mas é fundamental ter consciência de que isso trará um tipo de interação mais rígida”, advertiu. Segundo a palestrante, é imprescindível que as empresas busquem um alto nível de humanização e colaboração, criando ecossistemas dinâmicos que vão além das estruturas organizacionais tradicionais.

Novos caminhos e a busca por propósitos

Um dos temas mais importantes abordados por Lígia foi a reavaliação da relação das pessoas com o dinheiro e o consumo. “Estamos reavaliando o que realmente precisamos e como o dinheiro funciona em nossas vidas. Ele deve ser visto como energia, e não apenas como um recurso para acumular bens”, disse. A palestrante ressaltou que a nova mentalidade de consumo demanda uma compreensão mais profunda de propósito e de valores pessoais.

“Estamos entrando em um fluxo onde, quando o propósito é claro, as coisas acontecem de forma mais orgânica e menos forçada”, explicou. A pesquisadora também mencionou a importância de alinhar a razão com a intuição para criar uma nova maneira de interagir com o mundo ao nosso redor. Ela observou que, na era da informação e da desinformação, é essencial desenvolver uma capacidade crítica de leitura de cenários e de entendimento das dinâmicas sociais.

Desafios e oportunidades no cenário atual

Ao longo da palestra, Ligia levantou questões sobre os desafios que as empresas enfrentam para se adaptarem às novas realidades. Com o avanço da inteligência artificial e das tecnologias digitais, muitos profissionais se veem em risco de se tornarem obsoletos. “O futuro já chegou, ele apenas não é equitativo”, alertou. É crucial que as lideranças e os colaboradores se unam em torno de um propósito comum, onde todos possam evoluir juntos, de acordo com a pesquisadora.

Ela enfatizou que a capacidade de adaptação e aprendizado contínuo, principalmente em referência às novas tecnologias, é a chave para a sobrevivência no ambiente empresarial. “Precisamos trabalhar nosso ‘eu’ interno para que possamos nos conectar de maneira mais autêntica com os outros e com as máquinas”, afirmou. Contudo, a transformação não acontece do dia para a noite, mas sim através de um processo contínuo de desenvolvimento e conexão.

A importância da fluência humana

Lígia encerrou sua palestra abordando a necessidade de cultivar uma “fluência empática”, ou seja, uma capacidade de perceber e sentir o outro em um mundo cada vez mais interconectado e tecnológico. “O que precisamos é desenvolver nossa tecnologia humana, porque as máquinas estão imitando o que somos”, disse. Nesse sentido, a humanização deve ser uma prioridade, pois é isso que permitirá uma coexistência harmoniosa entre humanos e máquinas.

A palestra de Ligia Zotini no Higicon foi um chamado à ação para os profissionais e líderes presentes, incentivando-os a repensar suas estratégias e a priorizar as relações humanas em um mundo digital. Ao final, ela convidou todos a se conectarem e a experimentarem novas formas de interação, destacando que, apesar das incertezas, o futuro pode ser brilhante se as pessoas estiverem dispostas a colaborar e inovar juntas.

Fonte: Abralimp
Foto: Abralimp