Inteligência Artificial traz desafios à limpeza profissional

Higiexpo debate as transformações e aponta caminhos para bom uso das tecnologias

Melhorias e avanços acontecem com a inteligência artificial (IA). O grande desafio é saber o que vai acontecer. A questão foi tema do painel “Como a Internet e a IA podem colaborar com o mercado profissional”, realizado no primeiro dia da 28ª Higiexpo, a maior feira de negócios da limpeza profissional.

Na Área do Conhecimento Verde, diretores das câmaras setoriais da Abralimp, estiveram reunidos para debater as dificuldades que todos enfrentam para entender como usar as novas ferramentas e discernir sobre o lado bom e ruim. 

Thiago Kuin, diretor da Câmara de Distribuidores de Máquinas, Equipamentos, Descartáveis e Produtos, que mediou o encontro entre os profissionais, destacou que a Internet permite atingir milhões de pessoas com vídeos que chegam para informar, mas alertou que a mesma rede é usada para desinformar.

Thiago Kuin, diretor da Câmara de Distribuidores de Máquinas, Equipamentos, Descartáveis e Produtos

“Nunca vi tantos químicos e alquimistas como se vê na Internet, pelas redes sociais, e afirmando que misturas dão certo. Produtos passam por estudos e processos até chegar à prescrição do rótulo e, portanto, fica claro que simples misturas sem testes não podem ser seguras”, alerta Fernanda Cerri, diretora da Câmara de Fabricantes de Químicos.

Riscos da desinformação

Na maioria das vezes, as tais “receitas” ignoram a quantidade de produto que é necessária para ter a ação efetiva na limpeza. Isso sem falar que misturar produtos químicos pode liberar gases tóxicos prejudiciais à saúde.

“Existem produtos que podem causar danos para a saúde por si só e quando misturados pior será”, pontua Fernanda.

Assim, ela enfatiza a importância de trabalhar o treinamento e a instrução das pessoas que atuam na ponta, para levar a maior quantidade de boa informação.

“Os profissionais do setor precisam pensar nisso. Quem está na ponta, que fala perto do cliente, precisa propagar a informação correta”, destaca Kuin.

Limpeza sob efeitos da revolução tecnológica

Quem atua na produção de máquinas e equipamentos já assiste de perto as transformações associadas às tecnologias. 

Fabio Prado, diretor da Câmara de Fabricantes e Importadores de Máquinas, lembra que os equipamentos têm tecnologia embarcada por natureza. “Mas, neste momento, vivemos uma mudança de era, passamos por uma revolução tecnológica. A tecnologia está disponível e temos que ir atrás de uma necessidade para o seu uso. Nem sempre temos pessoas capacitadas para essa ferramenta”.

Assim, a Inteligência Artificial, IoT (Internet das Coisas) e outras plataformas são usadas em uma condição bem inferior do quanto podem ser aproveitadas.

“As pessoas estão capacitadas para o uso? Não. Tudo está em desenvolvimento e vejo que nós, como fabricantes, se não investirmos no treinamento de base para equipes e usuários, perderemos o benefício da produtividade que podemos ganhar com essas ferramentas”, expressou Prado.

Integrar e capacitar

Além do desafio de incorporar as tecnologias aos produtos e processos, Kuin alerta para a necessidade de integrar a cadeia. “Se todas as funções de um equipamento não estiverem adequadas, como o processo poderá dar certo? Tudo fica comprometido”.

Tal necessidade de integrar os setores também é defendida por Matheus Bertipaglia, diretor da Câmara de Fabricantes de Equipamentos, Dosadores e Acessórios.

“Não adianta ter a melhor pasta de dente e não ter uma escova. É importante o relacionamento de todas as áreas e setores para garantir a higienização adequada. E a Inteligência Artificial pode ter o problema de ter pessoas que não sabem como utilizá-la”, ressaltou.

Desse modo, torna-se fundamental ter uma base qualificada de pessoas para permitir identificar problemas e trabalhar com maior agilidade os dados.

“Temos as ferramentas necessárias para evoluir e é essencial integração. A partir do momento que uso uma base de dados e replico para ter eficiência, consigo resultados em vários pontos da cadeia”, destacou.

Das possibilidades à realidade

Com isso, é possível fazer com que a base de dados e a Inteligência Artificial se comuniquem com máquinas, dosadores e centrais, transformando a previsão de manutenções, assistências preventivas e tudo sem precisar parar processos operacionais da limpeza.

Porém, tudo isso ainda não é realidade, tanto pela questão de custos como de pessoas capacitadas voltadas para o mercado da limpeza.

E quem atua como prestador de serviços sabe o quanto os desafios são imensos.

Luciana Silveira, diretora da Câmara de Prestadores de Serviços de Limpeza Profissional da Abralimp, enfatiza que não adianta tecnologia embarcada em equipamentos, produtos avançados, novas ferramentas para distribuição se a mão de obra não for qualificada.

Transformações exigem maior qualificação profissional

Kuin acrescenta que, ao contrário da ideia de que as tecnologias chegam para reduzir funções, o prestador de serviço seria a pessoa para fazê-las funcionar, reforçando a importância da capacitação.

Segundo Luciana, existe dificuldade de ajustar o funcionário para a tecnologia que ele vai utilizar.

“O avanço da tecnologia não vai voltar, mas sempre precisaremos de mão de obra para identificar áreas, fazer leituras, análises. O treinamento é o caminho para essa evolução”, disse ao enfatizar que antes o cliente não exigia tanta qualidade para esse serviço. 

“Era como se a limpeza não tivesse importância. Com a pandemia, ela ganhou destaque e existe a necessidade de mostrar o que foi limpo, higienizado. Além disso, nossos clientes entendem mais de bactérias, processos e qualificação”, relata Luciana.

Mais responsabilidade e luta contra o tempo

De acordo com Fernanda, as mudanças aumentam a responsabilidade de quem atua no setor da limpeza de ser um propagador da boa informação. “Por isso temos tantos cursos para qualificar e dar informação correta, como são os cursos da UniAbralimp”.

Em meio a todas as expectativas, Bertipaglia diz ter certeza de que em “um breve período de tempo teremos meios para atuar de forma efetiva em todos os pontos da cadeia”.

Higiexpo 2026

Gostou do conteúdo do painel? Prepare-se então para a Higiexpo 2026, em nova data, agora de 20 a 22 de outubro. 

O evento também está de casa nova. Será realizado no Centro de Exposições Distrito Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1209 – Santana – São Paulo). 

Conheça mais sobre a próxima edição da Higiexpo em https://higiexpo.com.br/