Como as queimadas impactam o trabalho de limpeza profissional

Relação entre queimadas, saúde pública e práticas sustentáveis estão interligadas no setor de limpeza profissional

As recentes queimadas que atingiram diversas regiões do Brasil trouxeram novos desafios para o setor de limpeza profissional. Com o aumento significativo da fuligem e da fumaça nas cidades, a limpeza, saúde e proteção dos ambientes precisam ser ainda mais intensas.

Locais como hospitais, escritórios, escolas e outros ambientes de grande circulação de pessoas foram diretamente impactados, exigindo uma limpeza mais especializada. A gerente de vendas da linha Feel Care da Ebeg, Márcia Ferreira, explica que a higienização dos ambientes precisa ser reforçada durante e após esses eventos.

“É essencial aumentar a frequência de higienização, removendo fuligem e resíduos de forma eficiente. Equipamentos como aspiradores, mops e autolavadoras, associados a produtos específicos para limpeza e desinfecção, são fundamentais para eliminar sujeira e garantir um ambiente seguro”, afirmou Márcia. Ela também destaca a importância de manter a circulação de ar nos ambientes, utilizando sistemas de ventilação e purificadores.

Ambientes que precisam de cuidados especiais

Hospitais, escolas e residências de idosos estão entre os locais mais vulneráveis, de acordo com Sérgio Eduardo Borges Merlo, gerente de novos negócios da Sevengel. “Ambientes hospitalares, por exemplo, são extremamente sensíveis à contaminação e exigem cuidados especiais. Já em escolas, a higienização é crucial para proteger a saúde das crianças, que são mais vulneráveis aos efeitos da poluição do ar”, comentou Merlo. Ele enfatiza a necessidade de uma limpeza intensa e concentrada logo após as queimadas, ressaltando que “não há necessidade de equipamentos especiais, mas a alta quantidade de fuligem demanda mais tempo e esforço dos profissionais”.

A remoção de fuligem pode ser um dos principais desafios para os profissionais de limpeza. Equipamentos como aspiradores industriais, lavadoras de alta pressão e panos de microfibra são indicados para remover a fuligem de forma eficaz. “Produtos de limpeza alcalinos são essenciais para remover as gorduras e outras substâncias presentes na fuligem, enquanto os desinfetantes garantem a eliminação de germes e bactérias”, diz Alexandre Sanson Filho, diretor comercial da Chemisch do Brasil. Ele também observa que neutralizadores de odores são cruciais para eliminar o cheiro persistente de fumaça, proporcionando um ambiente mais agradável para os usuários.

No entanto, é importante que os profissionais estejam devidamente protegidos ao realizar essas limpezas. Máscaras com filtros PFF2 ou N95, luvas de borracha e óculos de proteção são os principais EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) recomendados. “Garantir a segurança dos trabalhadores é fundamental, especialmente em ambientes com alta concentração de partículas nocivas”, acrescenta Márcia.

Queimadas e sustentabilidade

A situação das queimadas não é novidade para a população brasileira. Entretanto, segundo o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus (Cams, na sigla em inglês), agência que faz parte do programa espacial da União Europeia, a Amazônia e o Pantanal passam pelas piores queimadas dos últimos 20 anos. Os dados foram divulgados no dia 22 de setembro, com o relatório apontando que o número de emissões de carbono das regiões está consistentemente acima da média, superando recordes desde o início dos registros da agência. O estudo aponta que os incêndios florestais são a principal causa do aumento das emissões. Além disso, entre 1º de janeiro e 19 de setembro de 2024, o país emitiu 183 megatoneladas de carbono na atmosfera.

Diante dessa situação, é ainda mais importante que cada pessoa faça a sua parte. A sustentabilidade também deve estar presente nas práticas de limpeza profissional. De acordo com Márcia, embora haja uma demanda crescente por produtos mais sustentáveis, essa conscientização ainda está em estágio inicial no Brasil. “A demanda por produtos sustentáveis existe, mas é muito baixa, e muitos compradores não estão dispostos a pagar mais para obter esse benefício. Infelizmente, a maioria ainda não se preocupa com os impactos ambientais dos produtos de limpeza, embora uma parcela da população já tenha essa preocupação”, disse.

Papel da limpeza profissional na sustentabilidade

As queimadas acabam trazendo maior atenção às questões ambientais, pois refletem as ações humanas e o impacto da falta de conscientização. “Nós, como fornecedores de produtos de limpeza profissional, temos a responsabilidade de oferecer soluções sustentáveis que minimizem o uso de água e energia e que, ao mesmo tempo, tragam benefícios aos colaboradores que estão diretamente envolvidos nos processos de limpeza”, disse Márcia. Ela reforça a importância da atuação dos fornecedores na conscientização sobre sustentabilidade. “Precisamos oferecer produtos que não poluem os recursos naturais e que, além disso, diminuem o esforço físico dos colaboradores”, afirmou.

A expectativa dos profissionais é que a demanda por serviços de limpeza profissional cresça significativamente após as queimadas, para restaurar a qualidade do ar e a higiene dos ambientes afetados. Locais como hospitais, escritórios e até mesmo meios de transporte público precisarão intensificar suas rotinas de limpeza para garantir a segurança e o bem-estar de seus usuários.

Em meio a esse cenário, a responsabilidade socioambiental do setor de limpeza ganha destaque. “A indústria tem um papel fundamental na mitigação dos efeitos das queimadas. Produtos e tecnologias mais verdes não são apenas uma tendência, mas uma necessidade crescente”, conclui Merlo. Diante desse quadro, os prestadores de serviços de limpeza enfrentam um duplo desafio: garantir a eficiência no combate à fuligem e à fumaça, ao mesmo tempo que adotam práticas cada vez mais sustentáveis, visando minimizar o impacto ambiental e proteger a saúde das pessoas.

O tema da sustentabilidade foi o foco do 29º Higicon, que ocorreu paralelo a 28ª Higiexpo, em agosto de 2024.

Veja mais textos sobre o tema aqui.

Fonte: Abralimp

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil